Frágeis e
inocentes, os idosos costumam ser constantemente alvo de golpistas e
fraudadores. O resultado é que cresce a cada dia o número de golpes
praticados contra os aposentados. Para enganar as vítimas, os criminosos
utilizam diversos artifícios.
O mais comum é o
do empréstimo consignado. Só para ter uma ideia, no final do ano
passado, o INSS divulgou que o golpe do empréstimo descontado no valor
do benefício já atingiu quase 2 milhões de pessoas no país, num total de
R$ 4 milhões.
Na maioria dos
casos os fraudadores pedem o empréstimo em locais diferentes da
residência do aposentado, o que poderia ser utilizado pelos bancos até
como forma de identificação da fraude.
Atualmente, 23,6
milhões de pessoas têm direito de pedir empréstimo com desconto direto
no benefício pago pelo INSS. Deste total, 18 milhões já pediram
empréstimo, com valor médio de R$ 3.000, o que soma R$ 54 bilhões em
dinheiro disponível.
Segundo o advogado
Theodoro Vicente Agostinho, estima-se que em torno de 8% do total de
empréstimos concedidos seja fraudado. “Boa parte destas fraudes acontece
por conta de vazamento de informações da Previdência Social. Mas o mais
difícil é saber como dados e até listas de aposentados chegam aos
fraudadores”.
“Com o número do
cartão do INSS do beneficiário, os fraudadores pedem ao banco um
empréstimo consignado em nome de outra pessoa e indicam uma conta
corrente para o crédito do valor. Mas o problema mesmo é que existem
deficiências na verificação da identidade da pessoa que pediu o
empréstimo e falhas no cruzamento da informação com a base de registros
do INSS fazem com que o número fornecido não seja checado devidamente.
Isso permite que o dinheiro do empréstimo seja liberado, seja debitado
mensalmente do pagamento da vítima e caia na conta indicada pelos
golpistas”, revela.
Como solução, ele
indica que é preciso instituir outras formas de verificação de dados,
como o cruzamento de informações - data de nascimento, nome da mãe,
número do benefício, residência declarada do beneficiário e até região
de solicitação do empréstimo.
Outros golpes
Mas há ainda o
golpe nos terminais de auto-atendimento. O golpista fica próximo aos
caixas eletrônicos observando quando o aposentado vai sacar o benefício.
Na maioria dos casos, o golpe é praticado porque o fraudador consegue
obter a senha do segurado, ao observar a digitação no caixa eletrônico.
“Há casos de
envolvimento do familiar nos golpes, como filhos, netos e até genros e
noras que pegam os dados do aposentado para sacar dinheiro ou até
comprar coisas em nome do segurado”, conta o advogado.
Outro tipo é
quando os criminosos usam informações e documentação dos aposentados
para praticar algum tipo de fraude. Os criminosos se apresentam como
vendedores nas casas dos aposentados e oferecem todo tipo de produto.
“Os idosos costumam ser mais inocentes e acabam fornecendo todo tipo de
informação, cópias de documentos, cartão do benefício e até assinam
documentos em branco”.
Há ainda o golpe
do andamento processual. Os idosos são procurados por “falsos advogados
ou escritórios de advocacia que garantem apressar andamento de processo
previdenciário em andamento na Justiça, liberar valores atrasados e até
apressar concessão de aposentadoria em agências do INSS”.
O golpe do
recadastramento também é comum. Pessoas que se fazem passar por
funcionários do INSS visitam as residências dos aposentados e tentam
“roubar” dados sigilosos, como número da senha e conta bancária sob a
alegação de que precisa ser feito recadastramento.
Orientação:
* Em caso de
dúvida na operação do caixa eletrônico, a orientação é que o segurado se
dirija a um funcionário do estabelecimento bancário e nunca aceite
ajuda de estranhos ou de pessoas não autorizadas.
* O segurado não deve fornecer “nunca” a senha do banco e nem o número do benefício terceiros;
* Não permitir que estranhos examinem o cartão sob qualquer pretexto, pois pode haver troca sem que se perceba;
* Não anotar a senha em papéis ou rascunhos.
* Ao escolher a senha, não utilizar números previsíveis (data de nascimento, número de telefone residencial, placa de automóvel)
* Nunca guardar cartão e senha no mesmo lugar.
* Em caso de
assalto, furto, roubo ou perda do cartão magnético, o segurado deve
comunicar imediatamente à central de atendimento do banco onde recebe,
solicitando o seu cancelamento. Neste caso, o aposentado deve fazer o
registro da ocorrência na delegacia policial mais próxima de onde o fato
ocorreu e a comunicação à agência do INSS onde o benefício é mantido.
Vale lembrar que nas grandes cidades há as delegacias do idoso, onde o
atendimento é prioritário.
* Outro cuidado é
dar preferência a terminais instalados em locais de grande movimentação
e, se possível, em ambientes internos como shoppings, lojas de
conveniência e postos de gasolina, por exemplo.
* Sempre que
possível, o segurado deve evitar o horário noturno. É mais seguro
efetuar os saques no horário comercial, quando o movimento de pessoas é
maior.
* Em caso de
retenção do cartão no interior do terminal de auto-atendimento, o
beneficiário deve apertar a tecla anula e comunicar o fato imediatamente
ao banco, utilizando o telefone instalado na própria cabine.
* Jamais utilizar
celular de terceiros para comunicar-se com o banco, pois a senha fica
registrada na memória do aparelho, possibilitando a ocorrência de
fraude.
* Aposentados e
pensionistas não devem fornecer dados pessoais e documentos a pessoas
estranhas que os procurem para oferecer financiamentos, produtos,
revisão de benefícios e liberação de pagamentos atrasados.
* Qualquer
suspeita deve ser denunciada imediatamente à Ouvidoria do INSS, pelo
telefone 135, à polícia ou diretamente na agência da Previdência Social
da região.
Fonte: Folha Vitoria