09/11/2015
Aproximadamente 6.500 alunos estão matriculados na Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Belém, a maioria, idosos. No Pará, 44 escolas trabalham com esse projeto, que permite que jovens e adultos iniciem o processo de aprendizado, de acordo com as suas necessidades.
Para Antônio Serafin, 62 anos, o sonho era concluir o curso de pedagogia. Assim, a rotina dele inclui concentração nas leituras e muita disciplina. “Já ouvi falarem 'tu vai perder quatro anos em uma faculdade, depois vai fazer o quê? Eu respondo: 'Não vou perder quatro anos, vou ganhar quatro anos", conta.
Serafin se forma no final de 2015 e no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ele vai trabalhar a aplicação das políticas públicas no contexto da educação de jovens e adultos no Brasil, com foco no analfabetismo. “Se você ainda acredita na vida, vá atrás das coisas que acredita", defende.
Orgulho da família
Para a pensionista Maria de Nazaré Costa, que foi alvo de um estudo, a criação dos filhos sempre foi o foco. Viúva aos 79 anos, ela é mãe de oito filhos e agora ajuda na criação dos netos e bisnetos. “Pra mim é uma felicidade. A minha família é tudo na minha vida”, comenta.
A filha Aline Ferreira diz que ela é o suporte da casa. “Pra todo mundo da nossa família ela foi o esteito, sempre foi uma mulher guerreira, trabalhadora”, diz. A outra filha, Ana Cláudia comenta a saúde da mãe com orgulho. “Ela tem uma vitalidade de dar inveja”.
A história da Dona Maria virou tema de pesquisa de uma professa Selma Machado em 2007. Na época, ela analisou por sete meses o comportamento de idosos da periferia de Belém, com o intuito de saber qual era o papel deles nas famílias. "Eles têm um lugar de referência material, moral e emocional. E muitas vezes provedores econômicos das famílias", comenta.
O sonho de escrever o nome
Pra uns faculdade, para outros a família e para outros escrever o próprio nome. Dona Maria Carvalho, 73, queria poder escrever o próprio nome e hoje sabe. “Eu queria saber assinar, pelo menos, o meu nome, porque às vezes chegava uma correspondência em casa e eu não sabia nem assinar. Eu aprendi para assinar meu nome e tirar os documentos da minha casa”.
Ao ser indagada se tinha orgulho de assinar o próprio nome, dona Maria respondeu. "Tenho, com muito prazer. Assino meus cartões e minhas coisas de loja", conclui.
Fonte: G1