14/12/2011

Para ministro, crescimento da economia esse ano deve ficar em torno de 3,2%

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, nesta terça-feira (06/12), que o crescimento nulo do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre era previsto e foi resultado da crise internacional e do conjunto de medidas adotadas pelo governo no início de 2011 para diminuir o ritmo da economia e evitar pressão inflacionária.

“Desaquecemos a economia quando foi necessário. O que não estava previsto era o agravamento da crise internacional, que repercutiu principalmente sobre a indústria e as expectativas dos consumidores”, afirmou Mantega.

De acordo com o ministro, o governo tem o controle da situação e o Brasil tem possibilidade de acelerar o crescimento, revertendo os instrumentos de desaceleração da economia colocados em funcionamento no inicio do ano, principalmente de política monetária.

Na avaliação do ministro, a crise internacional também contribuiu para o resultado do terceiro trimestre. “A piora da crise européia, a partir de agosto, causou uma expectativa na população. Imagino que isso inibiu alguns consumidores e investidores. Mas esse é um quadro reversível”, sinalizou.

O crescimento dos três primeiros trimestres de 2011, sob o mesmo período do ano passado, ficou em 3,2% e o desempenho do ano deve ficar em torno disso. Com esse resultado, Mantega adiantou que é difícil a economia crescer 3,8%, como havia projetado anteriormente. “Isso se deve não só ao resultado do terceiro trimestre, mas também à revisão para baixo feita pelo IBGE dos dois primeiros trimestres de 2011”. O primeiro trimestre foi revisado de 1,2% para 0,8%; e segundo, de 0,8% para 0,7%.

Para o ministro, a desaceleração é passageira e, no quarto trimestre, o governo prevê que a economia voltará a acelerar devido às recentes medidas monetárias adotadas. “A taxa de juros caiu pelo terceiro mês consecutivo e reduzimos o IOF para o crédito de 3% para 2,5%. Portanto, estamos reativando a economia, que chegou num patamar desejável”, exemplificou Mantega.

O ministro informou que a desaceleração não afetou o emprego e a massa salarial, que continuam em ascensão. “A demanda cresceu menos por causa da redução do crédito, que, nesse período, também diminuiu e se tornou mais caro, por causa de taxas de juros mais elevadas, compulsório maior, medidas macropudenciais e aumento do IOF”. Ano passado, o crédito cresceu mais de 30% ao ano. Em 2011, a taxa está em torno de 18% a.a.

O ministro ainda lembrou que no começo desse ano havia uma forte pressão inflacionária, vinda em parte do exterior, e o governo precisou intervir para conter a inflação. “Podemos dizer que fomos bem sucedidos e impedimos, com a moderação do consumo, que a inflação se difundisse na economia brasileira. Agora ela está em retração”.

Em seus comentários, Mantega citou o resultado positivo da balança comercial brasileira no terceiro trimestre, com as exportações superando as importações. No período as exportações aumentaram 1,8% e as importações de bens e serviços reduziram -0,4%. Esse desempenho ocorre desde o segundo trimestre, devido ao câmbio e ao crescimento menor da economia brasileira, que reduziu as importações.

“Estamos tendo um resultado da balança comercial melhor do que o esperado, mesmo com o encolhimento do mercado internacional. Estamos com superávit de mais de R$ 30 bilhões. Aumentar as exportações é um estímulo ao crescimento”, analisou Mantega.

A Formação Bruta de Capital Fixo caiu 0,2% em relação ao segundo trimestre. Já a taxa de investimento sob o PIB ficou em 20%, contra 20,5% no trimestre anterior. Conforme avaliação do ministro, “essa desaceleração ocorreu pela redução dos gastos da administração pública (-0,7%) e está de acordo com o esforço do governo em diminuir os gastos governamentais”.

O IBGE também revisou os dados de investimentos de 2009 e 2010. A queda do investimento em 2009 saiu de 10% para 6%. Já em 2010, após a revisão, os investimentos ficaram em 20,5% sob o PIB.

Projeção de crescimento

Em resposta aos jornalistas, o ministro disse que resultado nulo do PIB não muda as expectativas do governo para 2012, que estima crescimento entre 4% a 5%. “Temos todas as condições para termos esse desempenho, porque parte da desaceleração da economia foi provocada pelo próprio governo, que queria moderar o crescimento e assim frear a inflação”, informou.

Mantega afirmou ainda que o setor privado vai impulsionar o crescimento em 2012. “A única coisa que vai crescer mais no governo federal, no próximo ano, é o investimento, que tem um papel fundamental na criação da infraestrutura e logística necessária para sustentar crescimento maior”, ressaltou.

Manutenção da política fiscal

O ministro enfatizou que a redução das despesas públicas vai continuar, com a manutenção da política fiscal baseada em solidez e responsabilidade. Todavia, há preocupação com relação a algumas matérias em tramitação no Congresso Nacional, como a Desvinculação de Receitas da União (DRU).

“É muito importante que o Congresso aprove a DRU, que significa uma economia de recursos de mais de R$ 10 bilhões. A não aprovação da DRU poderá causar vários problemas de alocação de recursos orçamentários, pois haverá excesso de recursos em algumas dotações e falta em outras. Isso pode prejudicar investimentos e emendas parlamentares”, ponderou Mantega.
 
 
Fonte: Ministério da Fazenda

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