17/02/2009

Remédio para crise no bolso do consumidor

Fonte:  Diário do Nordeste
 
Em um momento de aperto financeiro este , com a crise financeira internacional, o uso de medicamentos genéricos surge como uma boa opção para quem quer economizar. O alívio no bolso do consumidor pode chegar a no mínimo 35%. Não é à toa que o consumo desse tipo de medicamento vem crescendo a cada ano, solidificando-se na preferência da população. Com um crescimento médio de venda girando em torno de 20% ao ano em relação ao de referência, o genérico já entra 2009 conquistando 17% de participação no mercado de remédios. É o que aponta Maurício Filizola, presidente do Sincofarma (Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Ceará).

´O aumento do consumo desse tipo de medicamento está atrelado ao conhecimento que se tem da sua eficácia´, destaca o líder classista, enfatizando que o consumidor ao optar por comprar o genérico consegue uma economia de no mínimo 35% na comparação com o medicamento referência — aquele que primeiro chegou ao mercado. ´Muita gente está atenta a essa diferença de preço e já comprovou que os resultados são semelhantes, ou seja, resolve o problema da doença em igual proporção´, enfatiza. No entanto, em alguns casos a diferença pode deixar de existir, assim uma boa pesquisa entre os preços praticados no medicamento de marca e o seu genérico nunca deve deixar de ser feita na hora de compra.

Com a conscientização da população quanto a eficácia do remédio e consequentemente do aumento no uso, as vendas dos genéricos vem obtendo incremento próximo a 20% a cada ano, em relação ao anterior. ´Esse crescimento é continuado no País e vem acontecendo nos mesmos patamares em Fortaleza e na Região Metropolitana (RMF). O Interior ainda não assimilou a cultura de utilizar esse tipo de medicamento´, ressalta Filizola.

Com base nessa performance, o medicamento genérico vem ganhando importância no mercado nacional. Ele chega em 2009 conquistando uma participação acima de 17%. ´No Ceará, o remédio ocupa esse espaço na Capital e localidades que formam a RMF. O consumidor do Interior, por estar mais distante da mídia e ter menos acesso às informações, ainda consome pouco´, afirma o presidente do Sincofarma.

Segundo ele, existem cerca de 3.500 princípios ativos com a mesma indicação terapêutica do remédio de referência no País. Qualquer farmácia pode negociar o produto. Não há restrições. ´O proprietário da farmácia pode fazer suas negociações e colocar à disposição da população, cuja procura é crescente´. Ele diz também que a maioria dos genéricos é de uso continuado: são prescritos para hipertensão, diabetes, controle de colesterol e medicação controlada. A linha de antibióticos também é muito comum.

Lançamentos

De acordo com o Sindicato dos farmacêuticos, praticamente todos os tipos de genéricos são encontrados nas farmácias, com exceção dos lançamentos mais recentes com proteção de patente em todas as classes terapêuticas. ´Aos poucos, mesmo os lançamentos estão sendo disponibilizados em princípio ativo´, fala. Segundo Filizola, se enquadra nesse caso, o Viagra, que dentro dos próximos dois terá a sua versão genérica.

PERFIL DO USUÁRIO
Classe média é quem mais compra

A classe média, as pessoas que procuram estar bem informadas e aquelas com idade acima de 35 anos formam o perfil do consumidor dos genéricos, segundo Maurício Filizola, presidente do Sincofarma. ´Não há uma pesquisa formal que trace as características do público que compra medicamento com base no princípio ativo, mas pelo método da observação e das prescrições médicas é possível chegar a essa conclusão´, argumenta o líder classista. Para ele, a classe média quer economizar, tem melhor esclarecimento e, portanto, a cultura de procurar o que é mais acessível. ´São pessoas que têm o hábito de pedir ao médico que prescreva o princípio ativo por serem melhor informadas´, avalia Filizola.

Quanto à faixa etária, o farmacêutico aponta que os que têm acima de 35 anos normalmente adoecem mais e, portanto, precisam mais de medicamento. ´Entre eles, estão os que fazem tratamento continuado e de medicação controlada, doenças mais freqüentes na proporção que a população envelhece´, enfatiza. Além disso, os antibióticos, também são receitados pelo princípio ativo, são muito utilizados por crianças e adultos. ´Esse tipo de medicamento é muito utilizado e independe da idade, o que muda é a forma de prescrição - suspensão, cápsulas e comprimidos´, conta.

FIQUE POR DENTRO
Princípio ativo e eficácia igual ao de referência

O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo fármaco (principio ativo), na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma indicação terapêutica do remédio de referência no País. Apresenta igual segurança podendo ser intercambiável (permutado). O Ministério da Saúde, através da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), avalia os testes de bioequivalência entre o genérico e seu medicamento de referência, apresentados pelos fabricantes, para comprovação da sua qualidade. O genérico tem a mesma eficácia terapêutica do medicamento de marca ou de referência, sendo o único que pode ser intercambiável com o medicamento de referência, visto que foi submetido ao teste de bioequivalência. Como qualquer medicamento, exceto os de venda livre, deve ser comercializado mediante prescrição médica. Já os similares são aqueles que possuem o mesmo fármaco, a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência (ou marca), mas não têm sua bioequivalência com o medicamento de referência comprovada. Princípio ativo é a substância existente na formulação do medicamento, responsável pelo seu efeito terapêutico.

Isildene Muniz
Repórter