11/03/2009
Ampliado teto do consignado
Fonte: Diário do Nordeste
Brasília/Fortaleza. Para estimular o consumo, o governo decidiu ampliar
de 20% para 30% a parcela dos benefícios que os aposentados do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) podem comprometer com o crédito
consignado. A medida entrará em vigor nos próximos dias. No meio do ano
passado, entidades ligadas a aposentados apresentaram ao governo um
pedido para a ampliação da chamada margem do consignado. Na ocasião, a
medida foi vetada pelo Ministério da Fazenda, pois o crédito consignado
dos aposentados era considerado um dos motivos para o superaquecimento
da economia.
Os bancos também pressionavam o governo para que
ampliasse a parcela de desconto para permitir a renegociação de dívidas
a juros mais baixos ou mesmo abrir caminho para a portabilidade da
operação de um banco para outro. Hoje, os aposentados e pensionistas
podem contratar empréstimos com garantia de desconto em folha somente
até o limite de 20% do benefício mensal. Para quem quiser usar o
crédito rotativo do cartão de crédito, há autorização para
comprometimento de 10%.
O limite de 30% valerá para o consignado
em sua modalidade tradicional. Os aposentados ainda poderão realizar as
operações com cartão até o teto de 10%, mas isso passará a ser
opcional. Como os juros cobrados no cartão de crédito são mais altos, o
número de operações é proporcionalmente menor. O secretário de
Previdência Social, Helmut Schwarzer, afirmou que não é possível fazer
uma previsão de quanto será a expansão do crédito com a nova margem.
´Agora é preciso fortalecer e preservar o consumo privado. Não acho que
haverá um forte crescimento da demanda, mas um retorno a taxas mais
equilibradas´, disse.
Desrespeito ao limite
Por
outro lado, a concessão de empréstimos a aposentados e pensionistas do
INSS com desconto em folha sempre foi alvo de polêmica. Isto porque,
explica Thiago Tozzi, defensor público do Núcleo de Ações Coletivas da
Defensoria Pública do Estado do Ceará, apesar do limite determinado
pelo governo, as instituições financeiras nunca respeitaram o teto, o
que resulta em um comprometimento muito elevado da renda do
beneficiário. Em fevereiro deste ano, ele junto com o também defensor
público Eduardo Villaça ajuizaram 61 ações civis públicas contra bancos
e financeiras que oferecem a modalidade de crédito.
Segundo
Tozzi, tanto faz o governo estabelecer um limite de 20% ou de 30%, se
as instituições financeiras continuarem a desrespeitar o autorizado. ´A
repercussão prática da ampliação do limite de 20% para 30% será muito
pequena, pois ele já não vinha sendo cumprido. Chegamos a detectar
casos de um aposentado que recebe um salário mínimo e após descontada a
parcela do consignado ele estava recebendo centavos´, alerta.