06/10/2011
Carga tributária recorde
Três meses antes do encerramento do ano fiscal, a carga tributária
sinaliza que será recorde, com seu fechamento em 36,05% do Produto
Interno Bruto. Carga tributária é a relação da arrecadação de impostos
e outras obrigações fiscais com a produção econômica. Essa projeção de
recorde consta do estudo econométrico "Termômetro Tributário
Brasileiro".
O estudo enfoca outros aspectos aparentemente
contraditórios. Em 2009, quando a economia brasileira superava os
efeitos da crise deflagrada no ano anterior, em razão das dificuldades
enfrentadas pela economia norte-americana, a carga fiscal alcançou
34,68% do PIB. Em 2010, quando dava sinais visíveis de aquecimento
econômico e de arrecadação elevada, fruto da reação do mercado interno,
o peso dos impostos representou 35,16% em relação ao PIB.
Neste
ano, quando os reflexos da retração econômica mundial voltaram a
repercutir na economia nacional, a arrecadação fiscal vem superando
todas as estimativas, elevando, consequentemente, a carga fiscal
suportada pela massa de contribuintes constituída de empresas e pessoas
físicas. As pessoas jurídicas transferem o custo fiscal para seus
produtos. Os contribuintes individuais são tributados em 25%. Sobre
eles recai o peso maior dos impostos cobrados.
No quadro
internacional, o Brasil lidera algumas posições relacionadas com as
economias fortes e as dependentes, como nas taxas de juro e no volume
de receitas públicas. Atualmente, com a taxa de juros básicos fixada em
12%, a maior entre os países em desenvolvimento, há fortes correntes de
opinião contrárias à sua redução, mesmo sendo este um objetivo
governamental inúmeras vezes esboçado pela presidente Dilma Rousseff,
para atenuar seus efeitos maléficos.
Quanto à arrecadação
tributária, o recorde foi alcançado na metade do mês de setembro,
quando o Impostômetro registrou volume de receitas de R$ 1 trilhão.
Anteriormente, essa marca vinha sendo alcançada em dezembro, novembro
ou outubro. Agora, foi em setembro. O Impostômetro é um termômetro
tributário calculado a cada dia e atualizado pelo Instituto Brasileiro
de Planejamento Tributário (IBPT) para a Associação Comercial de São
Paulo, nele incluindo todos os tributos cobrados pela União, Estados e
Municípios.
Para os especialistas em finanças públicas, a
elevada carga fiscal deste ano é explicada, em parte, pelo crescimento
excepcional dos ganhos de dez segmentos econômicos, responsáveis por
72% do aumento constatado. Da lista constam o setor financeiro
englobando os bancos, seguradoras e entidades de previdência privada; o
comércio atacadista e varejista; a produção de veículos; a construção
de edificações de luxo; e as telecomunicações.
Pagar imposto é
um compromisso inexorável do cidadão com a finalidade de sustentar as
ações do Estado soberano. Contudo, o difícil de ser aceito é seu
emprego deformado que se traduz por serviços públicos essenciais
precários, sem a menor expectativa de mudança na má gestão. As
deficiências na contrapartida dos atos de responsabilidade do poder
público geram, lamentavelmente, a insatisfação com o ônus fiscal.
Fonte: Diário do Nordeste (Editorial)