Fonte: Diário do Nordeste
A expectativa da Secretaria da Saúde é que, em 2012, o Estado seja referência em todos os tipos de transplantes
O
Ceará é o primeiro lugar do Brasil em transplantes de fígado a cada
milhão de habitantes. As informações do Registro Brasileiro de
Transplantes (RBT), da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos
(ABTO), mostram que, entre janeiro e junho de 2011, foram realizados no
Estado, 77 transplantes de fígado, 20 a mais que no mesmo período de
2010.
Com essa marca, o Ceará passou de 13,2 transplantes por
milhão da população, em todo o ano passado, para 18,2 transplantes no
primeiro semestre deste ano. São Paulo e Minas Gerais, primeiros
colocados em transplantes de fígado em 2010, apresentaram índices de
16,5 e 16,0 cirurgias no primeiro semestre deste ano.
Procedimentos
Em
números absolutos, o Estado só fica atrás de São Paulo, que realizou
340 procedimentos de janeiro a junho. Marca que será rapidamente
superada a partir de 2012, segundo o titular da Secretaria da Saúde do
Estado, Arruda Bastos.
"Com a criação do Hospital Regional do
Cariri e o de Sobral, a tendência é que o Ceará se consolide como
referência nacional em transplantes de todos os órgãos", afirmou.
Nos
transplantes de coração por milhão da população, o Estado também
avançou e assumiu a segunda colocação no País. No primeiro semestre
deste ano, o Ceará realizou 11 transplantes de coração, 2,6 por milhão
da população. São Paulo, com 40 transplantes, primeiro lugar em números
absolutos, fica em quarto lugar proporcional, com 1,9 transplantes por
milhão. O Distrito Federal, que efetuou cinco cirurgias de coração,
está na primeira colocação em termos proporcionais, com 2,9
transplantes. O Ceará está em quarto lugar do Brasil em transplantes de
rim e pâncreas.
Na contagem de todos os procedimentos, o Ceará
realizou 90 transplantes a mais no primeiro semestre de 2011 que no
mesmo período do ano passado. O número de transplantes no período
passou de 466 para 556.
Arruda Bastos atribui esses avanços a
reestruturação da Central de Transplantes do Ceará, com a inserção de
mais profissionais e equipamentos ao órgão. "Assim como a implementação
de Comissões Intra-hospitalares que identificam os possíveis doadores,
o apoio aos centros de transplantes e a solidariedade do povo
cearense", destacou o titular da Secretaria da Saúde.
Exemplo da
solidariedade do cearense, pode-se citar a vida do pequeno Wilas da
Silva Oliveira, 11 anos de idade. Vítima de hepatite fulminante - forma
mais aguda da doença e que mata em menos de uma semana -, passou por
dois hospitais no começo deste ano, o São José, onde a mãe, Robênia da
Silva, recebeu o diagnóstico; e o Hospital Infantil Albert Sabin, de
onde saiu já em coma para o Hospital Universitário Walter Cantídio
(HUWC).
Em menos de um dia, como num passe de mágica, apareceu
um doador, vítima de trânsito, na cidade de Sobral, a 233 Km de
Fortaleza. Com o tempo quase esgotado, o apoio e ação da Central de
Transplantes do Estado foram fundamentais.
Os transplantes de
córnea aumentaram 28,9%, passando de 252 para 325. Transplantes de rim
passaram de 120 para 129, aumento de 7,5%, de coração de dez para 11
(10%) e pâncreas de três para cinco (66,6).
Intervenções
O
aumento do número de transplantes de fígado, de 57 para 77, foi de 35%.
Em 2010, o Ceará realizou o recorde de 872 transplantes. Foram
16procedimentos de coração, 113 de fígado 460 de córnea, 232 de rim, 14
de medula óssea, dez de valvas cardíacas e seis de pâncreas.
Em
números atualizados, este ano, até ontem, pela Central de Transplantes
da Sesa, o Ceará realizou 767 transplantes. Foram 173 cirurgias de rim,
451 de córneas, 15 de coração, 106 de fígado, 10 de medula óssea, entre
outros. "Este ano iremos passar dos mil transplantes realizados, marca
nunca antes alcançada no Estado. A tendência, como já falei, é que
estes números sejam a cada ano superados", afirmou Arruda Bastos.
Doe de Coração
Grande
parte do desempenho do Ceará, no que se refere as doações e realizações
de transplantes, nos últimos nove anos, deve-se a campanha Doe de
Coração, da Fundação Edson Queiroz em parceria com o Sistema Verdes
Mares.
O gesto transformou o Ceará no terceiro maior centro de
transplantes do Brasil e ajudou a salvar vidas. A Central de
Transplantes constata que a campanha chega ao nono ano com recordes de
doação e de novas vidas. Ela busca sensibilizar a população através da
mobilização em hospitais, escolas, clínicas, e entidades diversas.