Associação dos Aposentados Fazendários Estaduais do Ceará
23/09/2011
"Ceará não está imune à crise, mas vai crescer", diz Mauro Filho
Segundo Mauro Filho, "potencial arrecadatório é diminuído, mas não desajustará a solidez fiscal construída"
"O
Ceará não está imune às oscilações da economia mundial", afirma o
secretário da Fazenda, Mauro Filho. "Vai crescer menos em 2011. O
potencial arrecadatório é diminuído, mas não desajustará a solidez
fiscal construída". O titular da Sefaz participou ontem do 1º Encontro
de Finanças Públicas, promovido pelo Sintaf (Sindicato dos Fazendários).
Ele
compara o desempenho da economia do Estado, em relação ao Brasil e ao
mundo. "Em função do alto grau de endividamento, Japão, EUA, França,
Grécia Itália, Espanha se descontrolaram e o percentual da dívida em
relação ao PIB é maior que 100%, o que gera problemas de
desenvolvimento", diz. "No Ceará, as relações dívida/PIB e
dívida/receita corrente líquida são muito baixas, o que permite crescer
a índices acima aos da média nacional".
Mauro Filho analisou os
impactos da crise financeira internacional em diferentes períodos. "No
curto prazo, ocorre esta retração da atividade econômica. O Brasil sai
de um crescimento de 7,5% para 3,8%. A economia cearense não está
imune, mas vai ser afetada em menor proporção que o País", compara.
"Assim, a arrecadação, em vez de crescer 20%, deve subir 12%. Este é o
primeiro passo. A receita não cai, apenas a taxa de crescimento".
Despesas
O
segundo impacto, em 2011, é o arrocho nas despesas. No primeiro
semestre a receita cresceu 13% e as despesas, apenas 6%". Para
fevereiro de 2012, ele faz outra projeção. "Nesse primeiro momento,
todo mundo corre para o dólar, por segurança. As empresas têm que
remeter dinheiro para suas matrizes e isso desvaloriza o real. Mas essa
alta do dólar não se sustenta porque, por menor que tenha sido o
desgaste dos EUA com nota dos títulos públicos reduzida, os
investidores conservadores vão sair do mercado americano. Em três ou
quatro meses, que as coisas se organizarem, esse capital vai para algum
país. Não fica nos EUA porque lá tem problemas. Não vai para a Europa
porque estão em crise. Não vai para a China porque a moeda lá é ´no
tradeable´ (não negociável)".
Brasil em alta
Para
ele, o Brasil vai ser o ancoradouro do investimentos. "Esse aquecimento
do dólar será revertido em janeiro. Vai cair. Vai haver influxo do
capital. Vão investir no Brasil", diz.
"O investidor precisa de
segurança e rentabilidade. O Brasil tem baixo grau de endividamento em
relação aos outros países, o que garante segurança. O título público
dos EUA paga 0,28% ao ano. O Brasil paga 12%, o que significa
rentabilidade. A partir de fevereiro, o Brasil vai ser beneficiado pelo
novo influxo de dólar, que vai ativar a economia, fazer crescer o PIB,
gerar emprego e renda".
ATÉ 2014
Governo quer R$ 7 bi em endividamento
Conforme a Sefaz, o Ceará é o segundo estado do País na relação investimento/ aplicação da receita, com 34% .
Para
demonstrar a saúde financeira do Estado, o titular da Sefaz, Mauro
Filho, defende a contratação de R$ 7 bilhões até 2014. Hoje, o estoque
da dívida é de R$ 4,2 bilhões. Em seu argumento, ele mostra que o Ceará
é o oitavo menos endividado do País, com um índice de 27,7% na relação
entre dívida consolidada líquida sobre a receita corrente líquida.
Considerando o governo federal, a proporção é de 203%. "O Estado não
está endividado", diz.
Em valores absolutos, o Ceará é o quarto
estado do Brasil a investir, atrás de São Paulo (R$ 12,6 bi), Rio de
Janeiro (R$ 5,16 bi) e Minas Gerais (R$ 3,99 bi). Em 2010, o Estado
investiu R$ 3,2 bilhões no ano passado. "Considerando a aplicação de
outros recursos, foram mais de R$ 4 bilhões", afirma o secretário
adjunto da Secretaria de Planejamento e Gestão do Estado, Philipe
Nottingham.
Queda neste ano
"Há projetos
que não se traduzem em despesa de capital na concepção contábil. São os
de apoio a eventos do esporte, cultura. Não são exatamente de natureza
contábil". Em 2011, o nível de investimento deve cair para R$ 3
bilhões. "É o 1º ano de governo, período de arrumar a casa. Não vai
alcançar igual volume de 2010. Mas, o caminho estará aberto para os
próximos três anos termos um investimento superior. 2010 era último ano
de governo e, por isso, tinha saldo acumulado dos anos anteriores",
explica. (CC)
PARA 2011
Expansão do PIB do Estado é projetada em 5%
O
PIB (Produto Interno Bruto) do Ceará deve registrar crescimento de 5%
neste ano. A projeção é do secretário adjunto da Secretaria de
Planejamento e Gestão do Estado, Philipe Nottingham, com base na meta
projetada pelo PPA (Planejamento Plurianual) que será entregue à
Assembleia Legislativa. Ele esteve ontem no 1º Encontro de Finanças
Públicas, na Secretaria da Fazenda.
A atividade econômica é um
dos indicadores monitorados pelo Comitê de Gestão por Resultado e
Financeira (Cogerf), que controla o fluxo financeiro e compatibiliza
despesa com receita. "O foco do comitê é a eficiência e a eficácia
voltadas para os resultados definidos pelo governo em uma matriz de
gestão de resultados com 180 indicadores", diz. "Todas as ações do
Estado são voltadas para alcançar estas metas".
Outros
indicadores projetados, diz Nottingham, são a consolidação de uma série
de investimentos que estão em curso. "Até 2015, estas ações devem ser
consolidadas", projeta o secretário adjunto.
Boa condição
"O
Estado tem saúde financeira muito boa. Uma das razões é a gestão
corporativa feita pelo Cogerf, que acompanha pari passu [em igual
passo] as finanças e tenta racionalizar o custeio. A despesa de custeio
é muito enxuta e permite o Estado investir 30% do orçamento destinado a
projetos. É um índice elevado, comparado com a média nacional que é de
10% a 12%".
De acordo com ele, o que permite a aplicação de 30%
do orçamento é a gestão financeira. "O Estado está saneado
financeiramente, a receita cresceu, tem boa capacidade de
endividamento, o que permite captar recursos, com saúde financeira. Na
hora de negociar, tem capacidade de propor contrapartida. Isso facilita
captação de recursos não onerosos ou operações de crédito. Quando aloca
contrapartida, é mais fácil". (CC)
Saúde econômica
30% do orçamento estadual pode ser aplicado em projetos. Segundo a Seplag, isso é possível graças à gestão financeira