21/05/2009

Cinco meses para pagar tributos

Fonte: Diário do Nordeste
 
Ainda segundo o IBPT, o brasileiro compromete 40,15% do rendimento bruto para o pagamento de tributos

Nos cinco primeiros meses do ano, a arrecadação tributária no Brasil corresponderá a pouco mais que R$ 400 bilhões destinados aos governos federal, estadual e municipal.

É o que aponta estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Segundo o IBPT, até o dia 27 próximo, o brasileiro irá trabalhar apenas para pagar tributos. O estudo da entidade revela ainda que no ano passado o trabalhador comprometeu 40,51% do seu rendimento bruto para o pagamento de tributos diretos e indiretos, ao passo que, em 2009, este índice teve queda de 0,36 ponto percentual, chegando a 40,15% do salário. “A leve queda de arrecadação tributária apresentada neste ano, a primeira desde 1996, é em virtude da redução do imposto de renda pessoa física e de uma pequena diminuição de tributos sobre o consumo, já que neste ano o brasileiro irá trabalhar 147 dias para pagar tributos, enquanto em 2006 trabalhou 148 dias”, comenta o presidente do IBPT, Gilberto Luiz do Amaral.

Em comparação a outros países, destaca Amaral, o brasileiro trabalha 50% a mais que os mexicanos, argentinos e chilenos para pagar os impostos incidentes sobre os rendimentos (salários, honorários etc.), Imposto de Renda Pessoa Física, contribuição previdenciária, contribuições sindicais, além dos embutidos no consumo (PIS, Cofins, ICMS, IPI, ISS, etc) e sobre o patrimônio (IPTU, IPVA, ITCMD, ITBI, ITR).

Tempo dobrou

O IBPT constatou também que, atualmente, se trabalha o dobro, em comparação à década de 70, para pagar impostos, já que a média para o período era de 76 dias trabalhados.

Arrecadação

A arrecadação federal caiu em abril pelo 6º mês consecutivo na comparação com igual período do ano anterior. Segundo a Receita Federal, foram R$ 57,698 bilhões, queda de 8,5% (descontada a inflação) em relação a abril de 2008.

No 1º quadrimestre do ano, foram arrecadados R$ 218,8 bilhões, queda real de 7,1% em relação ao mesmo período do último ano.

NO FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO
Proposta de abater juros do IR

São Paulo. O Secovi (Sindicato da Habitação) de São Paulo vai propor, ao projeto de lei que vai tributar a caderneta de poupança, uma emenda com o intuito de abater do Imposto de Renda os juros pagos no financiamento da casa própria. Segundo Cláudio Bernardes, vice-presidente do Secovi, o sindicato vai procurar outras entidades do setor para dar força política ao pleito. Uma das possibilidades é o desconto de todo o valor pago em juros da base de cálculo do imposto. Outra opção seria definir um limite para essa dedução, como já acontece agora com as despesas com educação. O abatimento já foi possível nos financiamentos feitos pelo BNH (Banco Nacional de Habitação) nas décadas de 1970 e 1980, mas Bernardes ressalta que é preciso avaliar ´o que é factível atualmente´. De acordo com o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, cerca de 40% do custo de produção de um empreendimento, considerando toda a cadeia, são tributos. Com isso, diz, o governo não teria perda de arrecadação, pois a redução na receita com o IR seria compensada pelo estímulo à construção de novos imóveis. No primeiro trimestre, a entidade registrou queda de 43% na venda de imóveis novos na capital, ante igual período em 2008. O percentual de vendas sobre oferta ficou em 8% nesse período, ou seja, a cada 1.000 unidades lançadas, 80 foram vendidas. Para o ano, a previsão é chegar a 12% com a melhora do cenário econômico e o Minha Casa, Minha Vida. Segundo Petrucci, a ´mídia gratuita´ do programa elevou a procura por imóveis em todas as faixas, não só pelos que se enquadram nas regras.