14/04/2009

É planejando que se chega a R$ 1 milhão

Fonte: Diário do Nordeste
 
 Sem ganhar na Mega Sena, no Totolec, no Big Brother, receber uma herança inesperada ou apadrinhamento político. Qualquer pessoa pode ser milionária, independente de quanto ganhe. É o que preconiza o consultor cearense Augusto Sabóia, da Sabóia Advisor. Ele é um dos palestrantes da Expo Money Fortaleza, que acontece hoje e amanhã, no Hotel Vila Galé, a partir de 13 horas. “Com o seu dinheiro, dá! O que vai diferenciar para quem ganha mais ou menos é a velocidade do enriquecimento. Mas tudo depende do ato de começar a poupar”, resume.

Pelos cálculos de Sabóia, se você economizar R$ 300 mensais durante 30 anos, aplicando os recursos em um fundo de renda fixa com rendimento de apenas 1% ao mês, vai ter o tão sonhado R$ 1 milhão. “Se você, com 33 anos, economizar um pouco mais, digamos R$ 500 por mês, vai ser milionário em 23 anos, e não mais em 30. Ou seja, terá sua fortuna com 56 anos de idade”, exemplifica.

Como gasta

O primeiro passo rumo ao milhão, segundo o consultor, é compreender como funciona o seu bolso. “Ganhar dinheiro, você já ganha. Mas precisa saber como ele está indo embora fácil, fácil”, alerta. Além do apelo consumista da sociedade atual , ele afirma que o próprio brasileiro é o principal sabotador de suas finanças pessoais. “O brasileiro vive neste círculo: recebe e vai a zero. Recebe de novo e vai a zero novamente. Parece que não respeita a máquina de calcular”, diz.

Sabóia exemplifica com as contas de uma família de quatro membros (pai, mãe e dois filhos), com renda mensal de R$ 10 mil. “Essa família gasta, em média, 45% da sua renda com prestação da casa própria, financiamento, combustível e manutenção de dois carros, escola dos filhos e reserva para a faculdade deles, previdência privada, mais inflação de 10% e imposto de renda de 27,5%. Restam 55% para entrar em casa e realizar outros gastos”.

Agora poupa

Assim, colocar numa planilha todos os gastos da família já dá, de saída, a dimensão do quanto vai ser necessário para iniciar o segundo passo: poupar. “Você pode economizar no supermercado, mudando de loja ou de marca; no posto de combustível, pedindo desconto para encher o tanque dos dois carros; nas festas de família e amigos, comprando os presentes pela metade do preço nas liquidações; negociando desconto no pagamento à vista e resistindo aos gastos não planejados, como o cafezinho na cantina, o chopp do happy hour”.

Com todas as contas na ponta do lápis, enxugando os gastos aqui e ali e poupando algum recurso por mês, você pode começar a planejar seus sonhos, sua aposentadoria, a faculdade dos filhos... “Basta ter uma reserva maior para estes objetivos. Se você quer fazer uma viagem à Disney com seu marido e dois filhos, estipule um prazo de cinco anos, e comece a economizar, guardando os recursos numa poupança, para pagar à vista, ao final do período estipulado. Você vai gastar R$ 1.500 de passagem e hospedagem para cada um, o que dá R$ 6.000, mais R$ 4.000 para gastar lá, dá R$ 10 mil”.

Sabóia lembra que, segundo o IBGE, os brasileiros gastam 20% da sua renda com o pagamento de juros. Por isso, ele acha fundamental pagar a maior parte das compras à vista. Não caia na conversa do ‘três sem juros’. Se você guardar seu 13º salário e suas férias em uma poupança, rendendo 8%, vai ter R$ 10 mil no fim do ano, já dá para ir à Disney”.

É PRECISO POUPAR
Dinheiro para garantir terceira idade

O planejamento financeiro pessoal bem-feito é uma ferramenta para todas as classes sociais

Tudo bem, você quer ser um milionário. E até não está atolado em dívidas. Tem a casa, o carro, as contas no azul. Mas, conforme o consultor financeiro Augusto Sabóia, se não poupa, será simplesmente mais um pobre, no futuro. “Isto porque as pessoas têm um passivo com a sua velhice e com seus filhos”, diz. Com o aumento da expectativa de vida, é preciso fazer dinheiro hoje para se sustentar na terceira idade.

“A medicina não deixa mais a gente morrer. Isso para a economia é um desastre: você paga um plano de previdência durante 30 anos e passa 40 anos aposentado. É necessário uma reserva monumental”, completa. Para Sabóia, o planejamento financeiro pessoal bem feito é uma ferramenta para todas as classes sociais.

“As pessoas precisam sair da situação de endividadas para investidores. Isso independe do quanto se ganha. Para ser um país rico, vamos ter que ter famílias ricas. Que a palavra enriquecimento entre no dia-a-dia das nossas famílias”.

Longe do crédito fácil

Quem ganha pouco, alerta, deve fugir ainda mais dos apelos do crédito fácil. “Esse governo está fazendo com a população o que Cabral fez quando chegou aqui: trocando espelho por riqueza; dando crédito caro em troca dos trocados da família”, ensina. O especialista ensina que há formas de ampliar o rendimento mensal. “Se eu sou um motoboy que ganha R$ 500 por mês, posso trabalhar à noite, entregando pizzas, ganhando R$ 1,00 por entrega. Em 30 dias, vou ter R$ 30,00”, exemplifica.

Se está fazendo uma pós-graduação, por sua vez, saiba que pode ampliar sua renda em até 40%, dando palestras, cursos e até publicando um livro quando concluir essa etapa da sua formação.

Esforço em família

Ser milionário é um esforço que deve ser empreendido por todos os membros da família. E como incluir as crianças nesta empreitada? “Ensinando a melhor forma de lidar com o dinheiro em cada uma das fases da vida dos filhos”, comenta Sabóia.

Se a criança tem de seis a 13 anos, os pais devem dar o dinheiro para a compra de um produto específico e ensiná-la a trazer sempre o troco. “Você pega um pote de azeitona seco, que se chamará Azeitona’s Bank, e incentiva criança a juntar as moedas ali. Não vale o tradicional porquinho, pois ela não vai conseguir ver o dinheiro se multiplicar”, ensina.

Com os filhos

Depois de cheio, o “banco” vira um produto que seu filho tanto almeja. Não precisa nem ser caro. Assim, ele terá a noção do que ele guarda, compra um bem muito melhor”, completa. Dos 14 aos 23 anos, o especialista aconselha a estabelecer regras claras para a mesada e, no caso dos que têm estágio remunerado, do gasto com aquele dinheiro. Aí, vale chamar para uma conversa aquele filho mais perdulário e tomar medidas como nada de cartão de crédito ou cheque especial.

“O jovem de 23 anos, é o cara dos sonhos do comércio. Até os 34 anos, ele paga a faculdade a prazo, a festa de casamento, o apartamento novo, a decoração, o nascimento do filho... Só sai das dívidas em 40 anos”, argumenta Augusto Sabóia.

Samira de Castro
Repórter