Comércio formal teve redução de 20% no movimento nos dois primeiros dias da greve. Ambulantes, de 50%
Em
apenas dois dias, a greve dos bancários já conseguiu diminuir em cerca
de 20% o movimento no comércio varejista de Fortaleza, segundo o
presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza
(Sindilojas), Cid Alves. Se a paralisação, que teve reflexo em 285
agências bancárias no Estado até ontem, continuar, ele avalia que as
vendas para o Dia da Criança poderão ser prejudicadas e ficar abaixo da
expectativa. Na loja de variedades do Centro, Atacadão Mix, o gerente
Renazio Moraes, garante que o recuo nas vendas já atingiu 30%, porque
por lá, mais da metade dos pagamentos são em dinheiro. Para os
ambulantes, que negociam principalmente com a moeda em espécie, o
faturamento caiu até 50%, de acordo com o vendedor Cláudio da Silva. "A
população reduziu o consumo nos últimos dias, porque já falta dinheiro
nos caixas eletrônicos de algumas agências e existe um temor a respeito
de como será o recebimento dos salários, que devem ser desembolsados
até o quinto dia do próximo mês. Sem o acesso ao dinheiro, não há
confiança para as compras", explica Cid Alves.
Preocupação com salários
As
remunerações mensais do quadro de funcionários do comércio, por
exemplo, podem até não atrasar, mas o representante do Sindilojas
explica que, se a greve continuar, deverão ser pagos em cheques, e não
em espécie ou depósito bancário, como de costume.
Balanço
Ontem,
a adesão à greve aumentou em 20% o número de agências, em relação ao
primeiro dia, no Estado. O Sindicato dos Bancários do Ceará informou
que, por enquanto, não está marcada nenhuma negociação com os
banqueiros. Em todo o País, a paralisação já atinge 6.248 agências e
centros administrativos de bancos públicos e privados. São 2.057
unidades a mais do que no primeiro dia, quando foram paralisadas 4.191,
segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro
(Contraf-CUT).
CORRENTISTAS RECLAMAM
Dificuldade de saque no caixa eletrônico
Entre
as restrições impostas pela greve, a maior preocupação dos clientes dos
bancos é mesmo não conseguir sacar dinheiro nos caixas eletrônicos.
Contudo, segundo a reportagem apurou, isso já vem acontecendo. O
Sindicato dos Bancários do Ceará não confirma o desabastecimento das
agências, mas, ontem, no Centro da Cidade, alguns correntistas
reclamaram desse tipo de dificuldade.
A gazeteira Zenir Mendes,
31, disse ter tentando realizar uma retirada em quatro máquinas
diferentes do autoatendimento do banco Itaú, da Major Facundo. Sem
sucesso, ela saiu em busca de outra agência. "É muito frustrante,
porque eu tenho dinheiro, não posso usá-lo e tenho muitas contas para
pagar", desabafa. O estudante Carlos Martins, 18, tentou fazer um saque
da conta poupança na Caixa Econômica, da rua Floriano Peixoto, e também
não saiu com o dinheiro.
Outros serviços
A
comerciante Márcia Damásio, estava preocupada com os serviços da Caixa
que estão paralisados. Ela tentou pagar o penhor em aberto e agora teme
ter que arcar com os juros do atraso.
No mesmo banco, por
exemplo, não estão sendo aceitos depósitos e transferências bancárias,
nem mesmo via caixas eletrônicos. E, segundo a reportagem apurou, os
correntistas estão sendo inibidos à utilização do autoatendimento pelos
sindicalistas nas agências. (ACQ)
Fonte: Diário do Nordeste