Ceará fez parte de operação nacional de combate à sonegação de impostos, realizada em outros 22 estados
Um
montante de R$ 183 milhões deixou de chegar aos cofres públicos do
Ceará, de janeiro a outubro deste ano, por conta de sonegação fiscal,
segundo identificou a Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz). Para se
ter uma ideia, o valor supera em 7,5% toda a arrecadação prevista pela
Prefeitura de Fortaleza com o IPTU (Imposto Predial e Territorial
Urbano) neste ano. Somente ontem, o Ministério Público do Ceará entrou
com 17 denúncias no Poder Judiciário contra práticas do tipo, somando
valores de R$ 19,19 milhões.
As denúncias, que envolvem 26
pessoas, foram encaminhadas pelo MP através do Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Núcleo Especial de
Combate à Sonegação Fiscal (Naesf). A ação foi feita como parte da
Operação Nacional de Combate à Sonegação Fiscal, que envolveu 22
Estados e o Distrito Federal, por meio dos Ministérios Públicos,
Secretarias de Fazenda e outros órgãos e instituições parceiras.
Ação
Na
operação, a Sefaz atuou com 200 auditores fiscais na abordagem de
contribuintes em situação irregular perante o Fisco. A ação realizou
blitz nos postos fiscais de fronteira e marcou o início das operações
dos scanners localizados no posto de Tianguá e do Pecém, que está com
uma unidade móvel.
Além disso, a Secretaria vistoriou 1.124
empresas, incluindo todas as lojas dos shopping centers do Estado,
averiguando a utilização do equipamento emissor de cupom fiscal (ECF) e
observando a compatibilidade do regime de recolhimento com o porte da
empresa.
De acordo com o promotor de Justiça e coordenador da
ação no Estado do -Ceará, Nelson Gesteira, do total dos R$ 183 milhões
a serem pagos ao Estado, R$ 60 milhões já são objeto de denúncias
oficializadas, que somaram 80 ações.
Sem chegar aos cofres
"São
valores que já foram pagos pelo cidadão, mas que o comerciante se
apropriou, não permitindo que chegassem aos cofres do Estado", analisa.
O
resto deste montante ainda se encontra em inquérito policial e chegará
posteriormente ao MP para que possa ser realizada a denúncia. Segundo
ele, os valores envolvem tanto o ICMS (Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Serviços) devido, como a multa pelo não pagamento do
imposto, que representa 70% do valor devido. O débito do contribuinte
em situação ilegal com o Fisco pode ser parcelado em até 60 vezes.
Autos de infração
Ao
todo, foram 634 autos de infração feitos de janeiro a outubro deste
ano. "Não queremos atacar o contribuinte. O que queremos é resgatar os
valores sociais através do recolhimento da receita do Estado, que é
usada para as políticas públicas de sua competência", analisou a
procuradora-gera do Estado, Socorro França. De acordo com o secretário
da Fazenda, Mauro Filho, em geral, os sonegadores do Estado possuem a
característica de não contribuírem reincidentemente. Entre as
principais fraudes detectadas nas fiscalizações, explica o secretário,
estão a utilização de notas fiscais falsas, o uso de documentos falsos
de abertura de empresas e a utilização de laranjas. Continua na página 2
Registro
17 Denúncias foram feitas pelo Ministério Público do Ceará, somente ontem, contra práticas do tipo, somando R$ 19,1 milhões.
Fonte: Diário do Nordeste