05/05/2009

Mercado aposta em mudanças para os cartões de crédito

Fonte: O Povo
 
O mercado espera ações do Governo que alteram regras, além da caderneta de poupança, também dos cartões de crédito. O que se ouve nos bastidores é que os juros cobrados pelas operadoras poderão ser atrelados à taxa básica Selic, que hoje está em 10,25%, ao ano. Atualmente, as bandeiras cobram, em média, 13% ao mês.

Também se fala em uma mudança nos ganhos dos bancos na porcentagem cobrada nas compras realizadas com os cartões. "Hoje, quando se faz uma venda, a empresa de crédito fica com uma parcela do valor. Isto pode acabar", disse uma fonte do setor.

Segundo o economista e professor universitário, Henrique Marinho, tudo está no campo das hipóteses. Mas, para ele, poderia ser feita uma normatização. "Os cartões não são fiscalizados e cobram os maiores juros do mercado. Se fala nisso nos Estados Unidos", afirmou e ainda disse que, no Brasil, poderiam ser adotadas as "Normas Prudenciais de Risco de Crédito" para se adotar regras mais rígidas junto às empresas de cartões.

Mesmo com a negativa do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que disse, ontem, que o Governo ainda não definiu qualquer alteração de regras, a mudança da caderneta de poupança é dada como certa pelo mercado.
Com a nova queda da Selic, os bancos perderam ainda mais rentabilidade dos fundos ligados a juros. A caderneta de poupança com isso ficou mais atraente e ainda tem a facilidade de não cobrar Imposto de Renda. Para evitar uma migração em massa de grandes investidores, o Governo estuda mudar regras.

Poupança
Como a expectativa do mercado é a de que a taxa básica de juros (que serve de parâmetro para os fundos) vai seguir em queda, o retorno dos fundos irá encolher ainda mais. No caso da poupança, o impacto da baixa da Selic é diferente, pois a aplicação tem uma rentabilidade fixa de 0,5% ao mês mais a TR (Taxa Referencial).

"Uma migração seria ruim, porque cada investimento financia um setor da economia. No caso, a habitação, que é financiada pela poupança, sairia ganhando em detrimento dos demais setores", explicou Henrique Marinho.

O que se espera é algo não muito revolucionário para a poupança. "Se cogita ações leves. Os pequenos aplicadores, com depósitos de até R$ 50 mil, não devem sofrer muito com a alteração de regras. O impacto deve chegar aos que investem mais do que este valor", diz o analista da Bolsa de Valores, Luiz de Paula.

Segundo o especialista, não haverá mudanças drásticas, primeiro pela proximidade das eleições majoritárias, em que o Governo evita ao máximo medidas impopulares e, em seguida, pela estabilidade inflacionária. "Vencemos a guerra contra a inflação e não há mais necessidade de usar artifícios como aumento fiscal", explica.

"O papel dos bancos é de financiar a produção. Para isso eles existem", afirma e complementa dizendo que "o momento é histórico, pois agora os bancos vão emprestar menos ao Governo e terão que repassar à economia real, sob o risco de perder rentabilidade".