30/09/2011

Nova alta da gasolina surpreende consumidor


Na contramão das medidas para conter os preços dos combustíveis, postos de Fortaleza reajustam a gasolina

Às vésperas da alteração na composição da gasolina, que a partir de amanhã passa a contar com 20%, e não mais 25%, de álcool anidro, e da redução de R$0,04, na Cide, para compensar o impacto financeiro da mudança, vários postos de combustíveis de Fortaleza reajustaram, ontem mesmo, os preços da gasolina comum. Com preço médio em torno de R$ 2,63 e podendo ser encontrada na última terça-feira por até R$ 2,479, o litro do produto estava sendo comercializado ontem por R$ 2,799- o maior preço já visto na Capital para o combustível.

Comparando o preço médio de R$ 2,63, o aumento foi de R$ 0,17, por litro, o equivalente a um reajuste de 6,4%, de um dia para o outro.

A medida pegou de surpresa vários motoristas em Fortaleza, que poucos dias tiveram para aproveitar a "onda" de baixa nos preços da gasolina, iniciada na semana passada, em alguns estabelecimentos.

Compensação

Surpresa, sobretudo, porque há vários dias, representantes do governo Federal, da Petrobras e até do próprio Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Ceará (Sindipostos), vêm afirmando que não há motivos para os preços da gasolina serem reajustados agora. "O impacto, em tese, é próximo de zero", reiterou ontem pela manhã, o presidente do Sindipostos-CE, Guilherme Meireles, ao comentar a alteração da composição da gasolina e a redução da Cide.

Conforme explicou, como a gasolina é mais cara que o álcool, e a partir da alteração haverá uma demanda maior pelo combustível de origem fóssil, a tendência seria uma elevação nos preços da gasolina nas bombas. Contudo, com a medida do governo Federal de reduzir de R$ 0,23 para R$ 0,19, os efeitos serão neutralizados.

"Ficou uma coisa por outra. Se houver algum aumento no preço, será de dois a três centavos no litro da gasolina, coisa que deverá ser absorvida pelo mercado", complementou o assessor especial do Sindipostos-CE, Antônio José Costa, que está assumindo interinamente o sindicato a partir de hoje. De acordo com ele, a resposta do mercado a essa mudança "será a mesma em todo o País".

Senso comum

A interpretação de que as duas medidas, juntas, tenderiam a não gerar reflexos nos preços parece ser geral, e é compartilhada também pelo professor e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauricio Canêdo.

"O impacto das duas ações tende a ser muito pequeno para o consumidor final e vai depender muito de como a alteração dos preços - se é que vai haver - vai ser transmitida ao longo da cadeia (refinarias, distribuidores e revendedores). Há evidências, por exemplo, de que reduções de preço nos distribuidores demoram mais a ser repassadas ao consumidor final, do que aumentos", avalia Canêdo.

A realidade de alguns postos de Fortaleza evidenciou outra postura.


Fonte: Diário do Nordeste