Na contramão das medidas para conter os preços dos combustíveis, postos de Fortaleza reajustam a gasolina
Às
vésperas da alteração na composição da gasolina, que a partir de amanhã
passa a contar com 20%, e não mais 25%, de álcool anidro, e da redução
de R$0,04, na Cide, para compensar o impacto financeiro da mudança,
vários postos de combustíveis de Fortaleza reajustaram, ontem mesmo, os
preços da gasolina comum. Com preço médio em torno de R$ 2,63 e podendo
ser encontrada na última terça-feira por até R$ 2,479, o litro do
produto estava sendo comercializado ontem por R$ 2,799- o maior preço
já visto na Capital para o combustível.
Comparando o preço médio
de R$ 2,63, o aumento foi de R$ 0,17, por litro, o equivalente a um
reajuste de 6,4%, de um dia para o outro.
A medida pegou de
surpresa vários motoristas em Fortaleza, que poucos dias tiveram para
aproveitar a "onda" de baixa nos preços da gasolina, iniciada na semana
passada, em alguns estabelecimentos.
Compensação
Surpresa,
sobretudo, porque há vários dias, representantes do governo Federal, da
Petrobras e até do próprio Sindicato dos Revendedores de Combustíveis
do Ceará (Sindipostos), vêm afirmando que não há motivos para os preços
da gasolina serem reajustados agora. "O impacto, em tese, é próximo de
zero", reiterou ontem pela manhã, o presidente do Sindipostos-CE,
Guilherme Meireles, ao comentar a alteração da composição da gasolina e
a redução da Cide.
Conforme explicou, como a gasolina é mais
cara que o álcool, e a partir da alteração haverá uma demanda maior
pelo combustível de origem fóssil, a tendência seria uma elevação nos
preços da gasolina nas bombas. Contudo, com a medida do governo Federal
de reduzir de R$ 0,23 para R$ 0,19, os efeitos serão neutralizados.
"Ficou
uma coisa por outra. Se houver algum aumento no preço, será de dois a
três centavos no litro da gasolina, coisa que deverá ser absorvida pelo
mercado", complementou o assessor especial do Sindipostos-CE, Antônio
José Costa, que está assumindo interinamente o sindicato a partir de
hoje. De acordo com ele, a resposta do mercado a essa mudança "será a
mesma em todo o País".
Senso comum
A
interpretação de que as duas medidas, juntas, tenderiam a não gerar
reflexos nos preços parece ser geral, e é compartilhada também pelo
professor e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da
Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauricio Canêdo.
"O impacto das
duas ações tende a ser muito pequeno para o consumidor final e vai
depender muito de como a alteração dos preços - se é que vai haver -
vai ser transmitida ao longo da cadeia (refinarias, distribuidores e
revendedores). Há evidências, por exemplo, de que reduções de preço nos
distribuidores demoram mais a ser repassadas ao consumidor final, do
que aumentos", avalia Canêdo.
A realidade de alguns postos de Fortaleza evidenciou outra postura.
Fonte: Diário do Nordeste