Fonte: Diário do Nordeste
Somente operações de emergência foram feitas; cirurgiões e anestesistas estão paralisados por tempo indeterminado
No
primeiro dia de paralisação dos médicos e anestesistas da Santa Casa de
Misericórdia, muita gente teve de voltar para casa sem fazer a cirurgia
eletiva marcada com antecedência. Ontem, somente os procedimentos de
urgência foram realizados. Hoje, às 9h, uma audiência pública para
debater a situação da Santa Casa será realizada na Promotoria de Defesa
da Saúde Pública, com a presença dos profissionais e da Secretaria
Municipal de Saúde (SMS).
Como cirurgia não é o foco da
instituição, apenas casos atípicos, de operações em pacientes que já
estão internados, continuam sendo realizados. Na manhã de ontem, 11
procedimentos foram feitos, sendo dois particulares e nove urgências.
De acordo com a coordenadora do bloco cirúrgico da Santa Casa, Kelly
Barros, cinco pacientes que estavam com cirurgias eletivas marcadas
tiveram de voltar para casa sem atendimento por causa da falta de
anestesistas.
Alberto Oliveira Júnior, presidente da Cooperativa
dos Médicos Anestesiologistas do Ceará (Coopaneste-CE), esclarece que
os profissionais estão mantendo uma escada de sobreaviso, para que os
pacientes de urgência não fiquem sem atendimento. Ele explica que o
contrato dos anestesistas venceu em março deste ano e, desde então, a
categoria vem negociando com a diretoria sem avanços, por isso o número
de cirurgias teve de ser reduzido. "Não é greve, estamos suspendendo as
cirurgias eletivas por falta de profissionais", destacou.
A
categoria exige reajuste de 25%, valor menor do que o pedido
inicialmente, que são os valores aplicados pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) nos contratos com o Governo do Estado.
O provedor da Santa
Casa, Luiz Marques, frisa que, para que haja reajuste salarial, é
preciso que exista um aditivo entre o gestor do SUS, que é a SMS, e a
Santa Casa de Misericórdia. Por mês, são repassados pelo município
R$1,2 milhão.
Posição da SMS
Por meio de
nota, a SMS informou que o repasse de recursos para a Santa Casa de
Misericórdia está em dia, com fluxo mantido regularmente. Os pagamentos
são feitos de acordo com o volume de serviços prestados e os valores
obedecem a tabela do SUS, complementados por meio de convênio firmado
com recursos do tesouro municipal.
"A SMS entende que as
reivindicações da categoria, nesse momento, fazem parte da luta
nacional pelo avanço do financiamento da saúde pública no Brasil.
Contudo, a suspensão das cirurgias eletivas está em desacordo com o que
foi firmado entre a SMS e a Santa Casa, o que pode ser considerado um
rompimento de parceria", afirma a nota da Secretaria.
LUANA LIMA
REPÓRTER