O saldo negativo do mês passado foi resultado de depósitos de R$ 81,70 bilhões e retiradas de R$ 82,55 bilhões

Brasília. A poupança teve captação líquida negativa de R$ 846,8 milhões em março. Foi o pior resultado da aplicação desde abril de 2008, quando a saída líquida foi de R$ 1,8 bilhão. O saldo negativo do mês passado foi resultado de depósitos de R$ 81,70 bilhões e retiradas de R$ 82,55 bilhões. Em fevereiro de 2009 a poupança teve captação positiva de R$ 751,4 milhões e, em março de 2008, de R$ 1,08 bilhão. Os dados foram divulgados hoje (06) pelo Banco Central.

No ano, a poupança acumula saída líquida de R$ 582 milhões, o que não acontecia para o primeiro trimestre desde 2006. O BC também informou também que a Taxa Referencial (TR), que é parte da remuneração da caderneta de poupança, ficou em 0% na última sexta-feira. Com isso, as aplicações na poupança com vencimento em 3 de maio terão rendimento apenas 0,5%, previsto na lei.

Foi a primeira vez que a TR zerou em mais de um ano - a última vez foi em 4 de fevereiro de 2008. Segundo o BC, a perda de rentabilidade da TR se deve ao menor número de dias úteis até maio e à queda no rendimento dos CDBs, que também é influenciado pela trajetória de redução na taxa básica de juros, a Selic. A trajetória de queda na rentabilidade da caderneta, no entanto, não é o fator que determinou a saída líquida de recursos na poupança, na visão do ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas. Para ele, o que causou o movimento de fuga da poupança é o orçamento mais curto das famílias em um ambiente de encarecimento de crédito.

´Acho que se olharmos os dados do cheque especial, veremos que as taxas estão altas, que os spreads estão muito altos. A pessoa física não teve facilidade nos últimos meses. A poupança serve para complementar renda. À medida que se tem condições de evitar o mercado de crédito, o indivíduo saca da poupança´, disse Freitas, lembrando que este início de ano, por conta dos gastos com escola e pagamento de impostos, as famílias ficam com orçamento mais apertado.

Ele também desvinculou o movimento das discussões do governo para reduzir a rentabilidade da caderneta. Por conta da queda na taxa básica de juros e da perda de rentabilidade nos fundos de investimento, o governo discute mudar a regra de remuneração da poupança. A principal proposta é vincular a rentabilidade da caderneta a um percentual da Selic.