30/03/2009

Redução de rendimento divide opiniões

Fonte: Diário do Nordeste
 
A possibilidade de alteração no cálculo do rendimento da poupança, em discussão no governo, pode não agradar os poupadores. Mas é defendida por alguns economistas. Caso não reduza os ganhos da velha caderneta, o governo corre o risco de ver grandes aplicadores migrando dos fundos de investimento, por exemplo, para a poupança. Assim, perderia arrecadação dos impostos incidentes sobre estas aplicações financeiras. Além disso, poderia até interromper a sequência de baixas da Selic, prejudicando, principalmente, o setor produtivo e o consumo a prazo.

“Se deixar a poupança muito competitiva, o governo vai perder arrecadação de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e Imposto de Renda”, avalia o economista Alex Araújo, da Ativa Corretora. Ele reconhece, no entanto, que é arbitrário mexer no rendimento de uma aplicação tão tradicional e popular como a poupança. Principalmente na região Nordeste, onde, por questões de renda, o aplicador tem perfil mais conservador.

R$ 5,3 mi no CE

Dados do Banco Central do Brasil mostram que, em janeiro deste ano, os depósitos em poupança no Ceará somaram R$ 5,3 milhões — o equivalente a apenas 1,86% do total nacional, que foi de R$ 271,6 milhões.

Essa tem sido uma média histórica de participação, num reflexo da economia local, ainda concentradora de renda e com poucos poupadores.

Araújo reforça que, se mantém o ritmo de cortes da Selic, a equipe econômica tende a deixar menos competitivas aplicações atreladas a juros. E isso prejudica o próprio financiamento estatal, pois afeta, por exemplo, os que investem em títulos públicos.

Mais atrativa

“Isso torna a poupança num ativo mais atrativo e ela não foi feita para o grande e sim para o pequeno poupador”, diz o economista e professor da Unifor, Henrique Marinho.

Para Marinho, este é um gargalo que o governo vai ter de resolver até o fim do ano. Isto porque, conforme explica ele, a taxa Selic deve terminar 2009 no patamar de 9,5%.

Até lá, o rendimento de fundos de investimento e poupança não vão se aproximar muito. Entretanto, isto pode ser um freio a novas reduções da taxa de básicas de juros.