19/04/2011

48% estão acima do peso no País

Fonte: O Povo
 
 Os brasileiros estão se alimentando pior e, com isso, é cada vez maior o número de pessoas acima do peso. A constatação é da pesquisa do Ministério da Saúde divulgada ontem. O levantamento foi preparado nas 27 capitais estaduais e o Distrito Federal por meio de 54 mil entrevistas por telefone com pessoas com mais de 18 anos. Os dados mostram que 48% da população está acima do peso, entre a qual 15% têm obesidade.

Em 2006, os percentuais eram de 42,7% e 11,4%, respectivamente. O crescimento de mais de um ponto percentual por ano é considerado preocupante pela pasta, já que o excesso de peso está ligado ao aumento de doenças crônicas. Para Deborah Malta, da Secretaria de Vigilância em Saúde do ministério, o fenômeno está ligado a uma mudança no padrão alimentar: maior consumo de produtos industrializados em detrimento de opções mais saudáveis.

“A ocorrência do excesso de peso decorre do sedentarismo e de padrões alimentares inadequados. Essa é uma tendência mundial e o Brasil não está isolado. Ela é um reflexo do baixo consumo de alimentos saudáveis como frutas, legumes e verduras e do uso em excesso de produtos industrializados com elevado teor de calorias, como gorduras e açúcares, além de baixos níveis de atividade física”, afirma.

O feijão é um exemplo. O índice de brasileiros que comem o alimento cinco vezes por semana caiu de 71,9% para 66,7% em apenas quatro anos. Outro dado preocupante é o sedentarismo: 14,2% da população adulta deixa de praticar qualquer atividade física, nem durante o tempo de lazer nem para ir ao trabalho.

O Rio de Janeiro tem o maior índice de pessoas acima do peso do país: 52,7% da população adulta. O menor índice, 36,6%, é o de Palmas, capital do Tocantins. Em São Paulo, o percentual é de 48,5%. Em relação à atividade física, os moradores do Distrito Federal se saíram melhor: 22,4% fazem algum exercício nas horas de lazer. O menor índice é o de Teresina, com 13%. São Paulo, com 13,7%, está entre as piores capitais nesse quesito. (das agências)

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, associado a problemas de saúde. Pode-se citar como causas da obesidade, fatores genéticos, ambientais e psicológicos.

SAIBA MAIS

Doenças ligadas ao excesso de peso

A síndrome metabólica é o conjunto de três ou mais doenças associadas ao excesso de peso ou obesidade. É mais frequente em pessoas com excesso de gordura na região abdominal, a chamada gordura visceral.

As doenças ligadas à síndrome metabólica são hipertensão arterial, resistência à insulina, colesterol elevado, redução do HDL (colesterol bom) e aumento do LDL (colesterol ruim), triglicérides elevado e intolerância à glicose. O tratamento para a síndrome metabólica é baseado em eliminação de peso, prática de atividade física, e em certos casos é necessário o uso de medicamentos.

A taxa de mortalidade entre homens obesos de 25 a 40 anos é 12 vezes maior quando comparada à taxa de mortalidade entre indivíduos de peso normal.
 
 
Fortaleza é a segunda capital no País em obesidade

O fortalezense está entre os brasileiros mais gordos residentes em capitais. Levando-se em conta o Índice de Massa Corporal (relação entre massa corporal e altura), 18,2% dos fortalezenses são considerados obesos. Entre as capitais, Fortaleza só tem menor percentual de população obesa do que Cuiabá (MT), com 18,7%. A média nacional de população obesa é de 15%.

Os números compõem a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), divulgada ontem pelo Ministério da Saúde. A pesquisa ouviu 54.339 adultos, residentes nas 26 capitais e no Distrito Federal.

O alto índice de obesidade em Fortaleza é puxado pela população masculina. Na Capital, a porcentagem de homens obesos é de 21,7%, enquanto a média nacional fica em apenas 14,4%. Entre as mulheres fortalezenses, o índice de obesidade é de 15,1%, próxima da média nacional entre as mulheres: 15,5%.

Mudança de hábitos

Para a nutricionista Silvana Souto, do Centro Integrado de Tratamento da Obesidade, o consumo de frutas e verduras tem dado lugar a alimentos de baixo valor nutricional, como fast food e outras comidas industrializadas: “E tem começado em idades muito precoces. Os hábitos são estruturados desde a primeira infância”.

Silvana Souto comenta que as escolas poderiam ajudar na mudança de hábitos alimentares. Mas as cantinas escolares, muitas vezes, fazem parte de redes de fast food. “E a criança termina tendo vergonha de levar fruta, porque o ‘bonito’ é poder comprar salgadinho na cantina”, cita.


Outro fator que contribui para a obesidade é a falta de regularidade de exercícios físicos. As atividades apenas no fim de semana não ajudam tanto. “O peso é sempre um equilíbrio entre alimentação e exercício físico. É um balanço energético”, define Silvana. (Thiago Mendes e Daniela Nogueira)


Como

ENTENDA A NOTÍCIA
Na pesquisa, foram considerados obesos entrevistados com Índice de Massa Corporal superior a 30 kg/m². O excesso de peso (mais de 25 kg/m²) também é alto em Fortaleza. 52,3% da população está nessa faixa