Mais de um ano após a padronização da cobrança de tarifas bancárias, uma pesquisa mostrou queda nos preços, mas ainda há variações gigantescas entre as instituições. Das 31 tarifas cobradas pelo sistema financeiro, 30 (ou 97%) foram reduzidas, de acordo o levantamento da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças), quefoi divulgado ontem e analisou o período entre 1 de maio de 2008 e 31 de agosto de 2009.

A inflação acumulada no período, medida pelo IPCA, é de 6,67%, mas o valor médio do pacote padronizado para pessoa física foi reduzido, no período, em 54,40%, passando de R$ 31,60 para R$ 14,41, de acordo com a pesquisa.

Entretanto há variações gigantescas entre os pacotes oferecidos pelos bancos, alerta o economista. O Banco do Nordeste (BNB), por exemplo, é a instituição financeira que possui o menor preço do pacote de tarifas padronizado com o custo mensal de R$ 13. Antes, era de R$ 9. O segundo valor mais baixo é do Banco Bradesco com o custo mensal de R$ 14,50, que anteriormente era de R$ 22. No Citibank, que possui o maior preço do pacote de tarifas padronizado, o custo mensal é de R$ 44.

Outro exemplo é a cobrança para confecção de cadastro para início de relacionamento, que recuou 57,43%, no período analisado. O valor médio caiu de R$ 131,27 para R$ 55,88. O menor, atualmente, é do Citibank e Bradesco que não cobram valor algum. O maior é do banco Safra, R$ 80.

Já a renovação de cadastro variou -48,5%, na média, de R$ 76,48 para R$ 39,39. A maior é do banco Safra, R$ 50. A menor, da Caixa Econômica Federal (R$ 22,50).

Resolução positiva

De acordo com o Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac e coordenador da pesquisa de tarifas bancárias para pessoa física, a introdução da resolução número 3518 de 6 de dezembro de 2007, que disciplinou a cobrança de tarifas bancárias, foi muito positiva. "Anteriormente os reajustes de preços das tarifas eram constantes e acima dos índices de inflação", afirmou Oliveira. "Passado mais de um ano da resolução as tarifas bancárias vêm se mantendo com pouca ou em alguns casos nenhuma variação. São sinais de que a resolução começou a provocar a tão sonhada competição no sistema financeiro nacional com a queda nos preços da tarifas bancárias".

Ranking

O Banco do Nordeste é a instituição financeira que possui a menor quantidade de tarifas cobradas (20 tarifas), mas foi a instituição que mais elevou tarifas no período. O Citibank possui a maior quantidade de tarifas cobradas (30 tarifas).

A pesquisa apontou que entre os bancos que aumentaram o valor das tarifas, o BNB liderou, com reajuste em 11 operações (55%), seguindo-se do Unibanco (5 tarifas mais caras, 17%) e Nossa Caixa (4 tarifas, 17%). O Citibank, Caixa Econômica Federal e Safra não elevaram o preço de nenhuma tarifa.

O Banco Safra foi a instituição financeira que reduziu o maior número de tarifas cobradas: 21, o que representa 75% das operações, seguido do Banco Unibanco (21, 73%) e do Nossa Caixa (12, 50%). O Bradesco, BNB, Citibank e Banco do Brasil não reduziram nenhuma de suas tarifas no período, de acordo com a pesquisa.

Resposta

O gerente do ambiente de produtos e serviços bancários do BNB, Bruno Ricardo Pena de Sousa, explicou que, desde a vigência da circular, a instituição realinhou seus preços somente em julho deste ano. "A circular permitia realinhamento do preços em abril de 2008 e seis meses depois, o que o BNB não fez", garantiu o gerente. "O reajuste em julho passado ocorreu por conta de defasagem dos custos operacionais e ainda temos as menores tarifas do mercado". Ele acrescentou que o valor do pacote padronizado pessoa física vai recuar dos atuais R$ 13 para R$ 10,50.

Os dados da pesquisa da Anefac estão disponíveis em www.vidaeconomica.com.br.