Os ministros da Previdência, José Pimentel, e da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, afirmaram ontem, por meio de nota, que ainda “não está definido nem o percentual nem a forma de concessão desse ganho real” para o reajuste dos aposentados a partir de janeiro de 2010. A nota desmente notícias vinculadas em meios de comunicação de que o reajuste seria de 7%. “Ainda estão sendo feitos estudos técnicos sobre o assunto”, diz a nota.
Através da Confederação Brasileira de Aposentados e Pensionistas (Cobap), os aposentados pedem um aumento com o mesmo percentual dado ao salário mínimo, o que chegaria a 9%. O Governo, por sua vez, explica que “a Constituição proíbe qualquer vinculação de reajuste ao salário mínimo, exceto o piso previdenciário”.
A próxima reunião de negociações para o reajuste dos aposentados está marcada para a quarta-feira, 12. Além de representantes do Governo participam a Cobap e centrais sindicais. Da reunião deve sair uma proposta para ser analisada pelos que participam das negociações. “Já é a quarta vez que a gente senta para negociar. Queremos discutir e avaliar o pacote de reajuste, mas até agora o Governo não apresentou nenhuma proposta”, afirma Warley Martins Gonçalles, presidente da Cobap complementando que o suposto “reajuste de 7% seria pouco”.
Gonçalles calcula que mais de 15 milhões de brasileiros ganham até um salário mínimo de aposentadoria e outros oito milhões têm vencimentos acima de R$ 465.
Mais que o mínimo
O presidente da Cobap chama a atenção também para o reajuste que será dado aos aposentados que recebem mais do que o mínimo. “O Governo não quer dar o mesmo percentual de reajuste para os que ganham mais do que o mínimo, mas achamos”, pontua Gonçalles.
Apesar do percentual ainda não estar definido, a nota divulgada ontem diz que “o Governo considera que existem condições objetivas para conceder algum tipo de ganho real também para os benefícios superiores ao salário mínimo”. Segundo o Ministério da Previdência, o impacto de cada ponto percentual de aumento aos beneficiários que recebem mais que o piso nacional é de R$ 1,6 bilhão.
O aposentado Manuel Lima, 73, recebe mais do que o mínimo de benefício e já tem opinião formada sobre o reajuste para o ano que vem. “Todo mês gasto mais de R$ 300 só de remédios. E quando a velhice chega, minha filha, não tem jeito. É muito gasto. O Governo tem que pensar nesse pessoal mais pobre e dar um reajuste digno”, diz seu Lima.
A aposentada Maria Helena, 75, recebe de aposentadoria o equivalente ao mínimo. “Recebo esse dinheirinho todo mês mas meus filhos me ajudam muito. Não dá pra viver só de aposentadoria, não. Só se fizer milagre”, reclama dona Maria.