Depois de 21 dias de greve, o Banco do Brasil volta a funcionar, mas continuam parados a CEF e o Banco do Nordeste

Funcionários da Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco do Nordeste (BNB) decidem continuar a greve por tempo indeterminado. Representantes dos Sindicato dos Bancários estão barrando a entrada de aposentados e pensionistas nas agências. Em alguns lugares nem o auto atendimento está disponível. Já o Banco do Brasil iniciou as atividades ontem, e centenas de pessoas lotaram as agências, formando filas quilométricas.

Na pauta das reivindicações da CEF consta aumento de 10% no salário, um novo piso salarial de R$ 2.045,00, a contratação de 10 mil funcionários em todo o País e a efetivação da participação nos lucros da empresa. Já no Banco do Nordeste, além do aumento de 10% do salário, os bancários querem reajuste de 3% no Plano de Carreira e Remuneração e a volta da licença prêmio para todos os funcionários.

Ontem, foi mais um dia de sofrimento para os usuários dos bancos, principalmente os aposentados, que não apenas tiveram problemas em retirar o dinheiro com senhas vencidas, mas ficaram do lado de fora das agência embaixo de sol quente.

A pensionista Edite de Sousa, 78 anos, é cadeirante e tem pressão alta, diabetes e artrite. A filha dela Lucia Maria de Sousa, que a acompanhava na agência da CEF, contou que ficou sem sacar o dinheiro na casa lotérica porque o cartão da mãe estava com a senha vencida.

Lucia Maria conta que já é a segunda vez que vai ao banco com a mãe e é mandada embora. Aflita, diz que, desde o começo do mês, a mãe não toma os remédios recomendados pelo médico. "Eu preciso desse dinheiro para comprar os medicamentos para minha mãe".

Situação parecida foi vivida pela pensionista Melquides Maria Machado, 73 anos, que mora em Maracanaú. Ela e a filha foram até a agência da CEF da Parangaba para tentar recadastrar a senha, mas foram impedidas de entrar. "Sou doente, tenho labirintite e problema de coluna, acho um desrespeito o que estão fazendo com agente".

FIM DA GREVE

Funcionários do BB retomam atividades

Filas quilométricas, centenas de pessoas à espera de atendimento em frente as agências do Banco do Brasil, que retornaram as atividades. Na Parangaba, o atendimento começou às 10h e funcionários organizavam fila, entregando senhas para evitar tumulto.

O dia foi de alívio para a dona-de-casa Ana Célia Rufino, que acordou cedo e às 5h já estava na porta do banco. Ela estava sem sacar dinheiro desde o início da greve, pois havia perdido o seu cartão. "Tenho fé que hoje consigo ser atendida", ressalta.

Com os bancos fechados a população tem que recorrer aos postos de atendimentos em farmácias, chegue-e- pague e agências lotéricas. No entanto, o transtorno é inevitável, as filas que chegam à calçadas e horas de espera para serem atendido.

Segundo Francisco Pereira, gerente de agência lotérica na Parangaba, o movimento aumentou 80% nos atendimento diários. "Chegamos a atender diariamente cerca de 1.200 pessoas. Uma agência pequena como essa não comporta tanta gente", ressalta.

Outro entrave, é o limite de saque nos boletos da CEF que é de somente R$ 1.000,00. No caso do Banco do Brasil, o limite para boletos e saques ainda é menor: R$ 500,00. As senhas vencidas também são complicadores.

KARLA CAMILA
REPÓRTER