04/02/2009

Buracos e boca-de-lobo são riscos de acidentes

Diário do Nordeste / Cidade
 
Não há quem trafegue pelas ruas de Fortaleza e não reclame da buraqueira. No carro, na moto, no ônibus ou mesmo na bicicleta, os sacolejos nas depressões asfaltadas fazem parte de qualquer viagem. Com esse início de quadra chuvosa, o problema na cidade se intensificou. Muitos buracos se transformaram em crateras, enquanto outros se formaram da noite para o dia, transformando-se em risco para pedestres e motoristas.

Se o incômodo se mostra durante a chuva, mais problemas são registrados depois da precipitação pluviométrica. Ontem de manhã, em Fortaleza, onde segundo a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) a precipitação foi de sete milímetros, os buracos ganham apoio de bocas-de-lobo e bueiros entupidos para agravar a situação.

Alerta

No bairro Joaquim Távora, na Avenida Heráclito Graça, o tradicional ponto de alagamento perto do cruzamento com a Rua Antônio Augusto é um exemplo da problemática.

Há uma boca-de-lobo tão entupida que, quando chove, como ontem de manhã, a água não escoa. Um pneu foi colocado por trabalhadores da área, a fim de alertar transeuntes e condutores de veículos.

Outro risco fica quase em frente à boca-de-lobo, mas na faixa contrária, em frente a uma loja de salgados. “É um perigo para quem passa aqui, tanto de carro como a pé ou de moto e bicicleta. Se a pessoa cair dentro pode quebrar uma perna”, acredita o vendedor Lúcio Freitas, que trabalha em loja da avenida.

Quando chove, uma galeria disposta no meio da rua, ao invés de permitir o escoamento, fica jorrando água enquanto há precipitação. Situação semelhante é registrada na Avenida Beira-Mar, no cruzamento com a Rua Tereza Hinko.

Nas chuvas deste ano, a Avenida Dom Manuel centralizou atenções por conta de uma cratera formada perto da Rua Pereira Filgueiras.

Mas há outros problemas. Só dois deles ficam em frente e ao lado da Praça do Riacho Pajeú, também conhecida como Pracinha da Câmara de Diretores Lojistas (CDL).

O ponto de ônibus em frente ao logradouro não tem calçada porque as chuvas dos últimos dias destruiu o passeio. Ao lado da praça, na esquina com a Rua Pinto Madeira, um buraco feito no muro de uma casa abandonada serve de passagem para usuários de drogas entrarem no local e se esconderem.

Segundo uma vendedora ambulante que trabalha nas imediações e não quer se identificar, ali também se escondem assaltantes que atuam na região. Ontem de manhã, a reportagem do Diário do Nordeste flagrou dois rapazes entrando no local. “Eles vão usar droga, com certeza, se não tiverem assaltado alguém por aqui”, afirmou a vendedora, acrescentando que há mais de dois anos o lugar está assim.

Lixo

No bairro Jacarecanga, a chuva causa problema semelhante. Um buraco rente ao canal do bairro, na Rua Carneiro da Cunha, já tomou parte da calçada e obriga pedestres a passarem pelo asfalto. Nas imediações, o lixo se acumula nas calçadas e no próprio canal, cuja água escoa através de galerias pluviais.

“Ele (canal) vai ceder mais ainda e pode pegar o asfalto, porque a areia aqui é toda frouxa”, teme o presidente do Conselho de bairro do Morro do Ouro, José Wilson Menezes.

Participante das reuniões do Orçamento Participativo (OP), promovidas pela Prefeitura de Fortaleza, Menezes afirma que a situação melhoraria com a aplicação, por parte do Município, do projeto de urbanização do canal que corta o bairro.

De acordo com o chefe do Distrito de Infra-Estrutura da Secretaria Executiva Regional (SER) I, Paulo Santos, o projeto tem três etapas, está na Secretaria da Infra-Estrutura do Município (Seinf) e será executado pela Regional.

A previsão é de que a primeira etapa, que compreende o trecho entre a Rua Carneiro da Cunha e a Avenida Francisco Sá, deve começar em julho deste ano.

Para as etapas das ruas Júlio Pinto à Carneiro da Cunha e da Avenida Francisco Sá à Leste-Oeste, não há data ainda par ao início das obras. O orçamento é de R$ 4,6 milhões.

O projeto inclui construção de quadra de esportes, anfiteatro, melhorias no próprio canal, praças e outros benefícios. Sobre a cratera que cresce a cada dia na Rua Carneiro da Cunha, Paulo Santos afirmou que ontem mesmo mandaria uma equipe de engenheiros vai verificar a necessidade de intervenção mais urgente no local.

De segunda para terça-feira última choveu em 88 municípios cearense, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). A maior precipitação foi em São Benedito, com 45 milímetros.

FIQUE POR DENTRO
Acúmulo de água em pontos vulneráveis

As enxurradas surpreendem pela força, imprevisibilidade e produzem súbitas elevações dos níveis de água em lagoas, canais, rios e riachos da cidade. Isso porque, com a chuva intensa em curto espaço de tempo, há um desequilíbrio entre a vazão de água pelas galerias de esgoto e a quantidade de água das chuvas.

Desta forma, há um grande acúmulo de água em pontos vulneráveis da cidade. O entupimento de esgotos e galerias, aliado à inclinação de terrenos e à impermeabilização da malha viária, dificulta o escoamento da água e contribui para a ocorrência de danos às pessoas e ao patrimônio.

Marta Bruno
Repórter