06/01/2011
Caso o reajuste de 33% incidisse sobre o valor global da folha de pagamento, chegaria a R$ 79,2 milhões por mês
O
governador do Ceará, Cid Gomes, acenou ontem com a possibilidade de
aumento opcional da carga horária dos funcionários públicos do Estado
que trabalham seis horas por dia. Segundo o governador, os servidores
que quisessem passariam a trabalhar oito horas diárias e a ganhar 33% a
mais.
A entrevista foi concedida via Twitcam, um site que permite
transmissão ao vivo e abre espaço para a participação de internautas
por meio de mensagens de até 140 caracteres enviadas pelo Twitter.
De
acordo com a assessoria de imprensa do governo estadual, a proposta
ainda está sob análise na Procuradoria Geral do Estado (PGE).
Posteriormente, deve ser enviada à Assembleia Legislativa para
apreciação pelos deputados estaduais.
"Os servidores que quiserem poderão migrar para oito horas por dia, com aumento de 33% no salário", disse Cid Gomes.
De
acordo com a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), o Ceará tem
cerca de 105 mil servidores ativos e a folha de dezembro foi de cerca de
R$ 240 milhões. A assessoria da Seplag não dispunha na tarde de ontem
da quantidade de servidores que trabalha apenas seis horas por dia.
Caso
o reajuste de 33% fosse sobre o valor global da folha de pagamento,
chegaria a R$ 79,2 milhões por mês. Entretanto, se for aprovada, a
medida não chegará a custar esse valor, já que a maioria dos servidores
têm contrato para trabalhar oito horas diárias e que a adesão dos que
têm jornada de seis horas diárias seria opcional.
A expectativa é
que a mensagem que trata da ampliação da carga horária no serviço
público estadual seja votada durante a convocação extraordinária da
Assembleia Legislativa, prevista para acontecer agora em janeiro. Outra
matéria que deve ser votada é a do aumento dos servidores estaduais e a
nova data-base, conforme promessa de campanha feita pelo governador Cid
Gomes.
A proposta do Executivo estadual deve prever a antecipação
da data-base da categoria, que era em julho até 2010, para janeiro e o
reajuste referente à inflação do período que vai de julho a dezembro de
2010 mais dois pontos percentuais de ganho real para os servidores do
Estado.
Funcionalismo
O coordenador do
Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público do Estado do Ceará
(Mova-se), José Airton Lucena Filho, estima que o pessoal que
potencialmente poderia aderir a um eventual aumento de carga horária
ficaria entre 20 mil e 25 mil servidores.
A medida beneficiaria
principalmente os trabalhadores de nível médio da saúde e os da área
administrativa na educação, que somariam aproximadamente 23 mil
servidores estaduais no Ceará, de acordo com o Mova-se. Alguns
funcionários das Secretarias de Desenvolvimento Agrário e da Ação Social
também poderiam fazer a opção.. "Hoje esse pessoal faz hora extra ou
recebe gratificação, o que não é incorporado quando o servidor se
aposenta. Quando se incorpora esses 33% ao salário, isso também passa a
valer para efeito de aposentadoria", explica Lucena Filho.
Mas o
sindicalista considera que o impacto financeiro dessa medida que
beneficia parte dos trabalhadores pode acabar dificultando a negociação
de planos de cargos e carreira para outras categorias estaduais. Segundo
Lucena Filho, a reivindicação da ampliação de carga horária foi uma
proposta defendida pelo Fórum Unificado das Associações e Sindicatos no
Serviço Público do Estado (Fuaspec). "As nossas perdas salariais desde
1994 já chegam a 60%", estimou o coordenador geral da entidade.
Ampliação
"Os servidores que quiserem poderão migrar para oito horas por dia, com aumento de 33% no salário"
Cid Gomes
Governador do Ceará
CRISTIANE BONFIM
REPÓRTER