29/10/2010

Cobrança da nota fiscal avança no Estado

Fonte: Diário do Nordeste
 
O consumidor brasileiro está mais atento à cobrança da nota fiscal, seja nas transações comerciais entre as pessoas físicas com as jurídicas, como na compra de um sapato, de um brinquedo ou de um simples sanduíche; seja nas operações de compra e venda entre as empresas. Apesar de ainda haver muita resistência por parte de algumas empresas em conceder o cupom fiscal, o hábito de pedir o comprovante já faz parte do cotidiano de 46% dos brasileiros residentes nas grandes cidades.

Pesquisa realizada em julho último pelo grupo alemão GfK, - quarta maior empresa de pesquisa de mercado do Brasil e também o quarto maior grupo mundial do setor,- revela que 46% dos entrevistados sempre solicitam o documento fiscal; 20% o pedem na maioria das vezes; 19%, somente algumas vezes; 6%, quase nunca; enquanto 9% dos consumidores nunca cobram o cupom após as compras.

O estudo mostra que 72% dos contribuintes sulistas, seguidos de 69% dos nordestinos, 64% dos nortistas e dos residentes do Centro Oeste, e de 63% dos consumidores da região Sudeste sempre cobram a nota fiscal, após uma compra.

Adultos mais conscientes

No Ceará, do total de notas computadas pelo Programa "Sua Nota Vale Dinheiro", da Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz), 80% são geradas e entregues ao consumidor em Fortaleza e apenas 20% são originárias do Interior do Estado.

A pesquisa da GFK mostra que a consciência de pedir a nota fiscal após comprar um produto é mais comum entre pessoas adultas e mais velhas do sexo masculino e das classes mais altas. Conforme o levantamento, os consumidores com idades acima de 45 anos se destacam, com 69% das citações; enquanto que entre os mais jovens, com idades de 18 a 24 anos, o índice dos que pedem o cupom sempre ou na maioria das vezes é de 60%.

Os homens também se sobressaem em relação às mulheres. Entre os entrevistados do sexo masculino, a porcentagem é de 70%, enquanto que entre os do sexo feminino é de 62%. Os integrantes das classes A e B têm mais costume de solicitar o documento fiscal do que os das classes C e D, numa relação de 70% e 62%, respectivamente.

No Ceará

A dentista aposentada Maria Ivanira Marinho Paiva Freitas engrossa o estudo e confirma que cobra a nota fiscal de todas as compras que realiza. "Eu sempre peço e dou à Capela do Menino Jesus de Praga", entidade filantrópica inscrita no "Sua Nota Vale Dinheiro". Pelo Programa, a cada R$ 6 mil em compras, comprovadas por meio das notas entregues à Sefaz, o consumidor, pessoa física ou jurídica, recebe, após 90 dias, R$ 30,00, que lhe são depositados em dinheiro na conta corrente.

Para ela, tanto os consumidores quanto os comerciantes estão mais conscientes à emissão da nota fiscal. "Antes havia mais objeções, mas hoje, alguns caixas até lembram, quando a gente esquece", conta Ivanira. No entanto, ela não sabe dizer se o hábito de pedir e dar a nota aumentou por conta de uma maior consciência tributária, ou se para ajudar as entidades filantrópicas e até mesmo as próprias pessoas físicas inscritas e beneficiadas pelo Programa.

Renda extra

A estudante cearense Lara de Souza Nunes é um exemplo de quem ajuda o fisco estadual ao cobrar a nota de tudo que adquire e que também se beneficia com a "renda extra" que o programa gera. Segundo ela, com apoio da família e de amigos, há dois anos, reúne notas fiscais para trocar por dinheiro.

Nesse período, conta, já conseguiu receber R$ 304,70, dinheiro utilizado para "o transporte e para uma comprinhas extras". Ela reclama, porém, da demora no pagamento do benefício por parte da Sefaz, e de alguns caixas, que segundo ela, se recusam a entregar a nota para também juntar.

A própria Sefaz reconhece que o Programa já representa fonte de "renda extra" para algumas pessoas, além das entidades filantrópicas. "Há cerca de duas mil pessoas que recebem, por mês, entre R$ 300,00 e R$ 400,00, só com (o bônus) da nota", revela o coordenador do Programa "Sua Nota Vale Dinheiro", Clementino Pereira.

Segundo ele, esse é um dos motivos pelo qual o número de participantes triplicou nos últimos quatro anos. Conforme disse, em dezembro de 2006 havia 316 entidades inscritas e hoje, somam 978; enquanto o número de pessoas físicas participantes saltou de 50.129 para 181.822, alta de 262,7%. Atualmente, 316.091 pessoas então envolvidas direta ou indiretamente no recolhimento da nota, seja em benefício próprio ou de terceiros. "O Ceará é o segundo estado do País que mais pede nota fiscal", comemora Pereira. De acordo com ele, o programa já pagou R$ 36,3 milhões para 298.103 pessoas e R$ 13,59 milhões a 6.794 entidades.

CARLOS EUGÊNIO
REPÓRTER