Fonte: Diário do Nordeste
Devido à falta de cuidados com a saúde, homens têm sido vítimas mais comuns de doenças do aparelho circulatório
Com base na Classificação Internacional de Doenças (CID), a publicação ´Situação da saúde no Ceará´, divulgada recentemente pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), aponta as doenças do aparelho circulatório como principal causa das mortes em 2009, com 13.333 óbitos registrados. Além disso, mostra que a maior parte das vitimas são homens, com exatamente 6.862 mortes, principalmente na faixa etária que vai dos 60 anos ou mais.
Na distribuição das principais causas de morte, o sexo masculino superou o feminino não só nas doenças do aparelho circulatório, como também nas Causas externas, neoplasias, doenças do aparelho digestivo, doenças infecciosas e parasitárias, algumas afecções originadas no período perinatal, transtornos mentais e comportamentais e doenças do aparelho geniturinário.
Segundo especialistas, as medidas de prevenção e controle dos óbitos por doenças do aparelho circulatório consistem na redução da exposição das pessoas aos fatores de risco para essas doenças, tais como: tabagismo, ingestão de álcool, hipertensão arterial, hipercolesterolemia e obesidade, de importância na carga total de doença.
"Os homens passam por uma carga de estresse pesada, fora isso não têm o costume de irem ao médico, cuidar da saúde, ainda tem a questão uso de bebidas e o tabagismo que é comum. Sem esquecer da alimentação e do fator família", explicou a cardiologista Glaura Férrer.
O exemplo de tudo que falou a médica, pode ser vislumbrado no taxista Wilson Pereira, 57 anos, que só descobriu que tinha diabetes, quando teve que ser internado com urgência em um hospital.
"Eu só costumo ir ao médico empurrado, nas última mesmo. Muitas vezes eu até marco de ir, porém devido a correria do dia a dia, acabo sempre deixando para amanhã, e assim vai", admitiu Wilson.
A mortalidade por neoplasias tem comportamento crescente, situando-se como a segunda causa de óbito nos últimos quatro anos. No sexo masculino, os tumores de próstata, estômago e brônquios/pulmões são as mais importantes localizações anatômicas
Mulheres
No sexo feminino apenas as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas superaram as mortes por essa causa no sexo masculino. Foram equivalentes as mortes nos dois sexos por doenças do sangue, órgãos hematopoiéticos, transtornos imunitários, doenças do sistema nervoso, doenças do aparelho respiratório, malformações congênitas, deformidades, anomalias
No sexo feminino as principais causas de mortalidade neoplasias, foram por câncer de mama, pulmão, estômago e colo de útero. Cerca de 28% dos óbitos ocorreram antes dos 60 anos.
Enquete
Cuida da saúde?
"A mulher é que me empurra para ir ao médico, pois tenho problema de hipertensão, mas eu mesmo não gosto de ir"
Antônio José
43 anos
Serviços Gerais
"Qualquer coisa que eu sinta procuro logo o médico, e para me prevenir, pratico esportes e opto por uma alimentação boa"
Daniel Rocha
23 anos
Estudante
"Último caso, só vou quando estou mesmo precisando. O estresse também me faz deixar pra depois as idas ao médico"
Wilson Pereira
57 anos
Taxista
Diagnóstico
Publicação aponta desafios para o CE
A publicação aponta como desafios para o Estado a elevada incidência de doenças emergentes e reemergentes, cujos determinantes são, predominantemente, socioeconômicos e ambientais, destacando entre essas doenças a tuberculose, Aids e dengue e, ainda, as leishmaniose e hepatites virais.
Fumo, obesidade, colesterol elevado e hipertensão arterial são apontados pela publicação como os fatores de risco para as doenças crônicas que estão entre as principais causas de morte e internações. De acordo com o documento, as causas externas - homicídios, acidentes de trânsito e suicídios - são responsáveis pelas maiores taxas de anos potenciais de vida perdidos (APVP), pois matam principalmente jovens na faixa etária de 20 a 49 anos de idade.
Comparando-se o número de óbitos e de internações por causas externas em 2009, observa-se que do total de 44.092 óbitos notificados no ano, 5.834 foram por causas externas, a terceira causa, com 13,2% dos óbitos. No mesmo ano, foram registradas 466.357 internações, sendo 35.904 por causas externas, a quarta causa, com 7,7% das internações
Como causas de mortalidade de elevada gravidade, com impactos econômicos e sociais, se destacam as mortes violentas, o acidente vascular cerebral, a elevada mortalidade materna por causas evitáveis e a ocorrência de cânceres em pessoas jovens.
Observou-se, ainda, a redução da mortalidade materna desde 2006 porém, no período de 1997 a 2009, ocorreram 1.525 mortes maternas, sendo 1.425 por causas obstétricas, com predomínio das causas obstétricas diretas.
Em 2009 ocorreram 68 óbitos obstétricos, dos quais 37 por doenças hipertensivas. Esses são alguns dos aspectos relevantes e desafiadores para as políticas públicas de saúde no Estado do Ceará.
THAYS LAVOR
REPÓRTER