Sem ganhar na Mega Sena, no Totolec, no Big Brother, receber uma
herança inesperada ou apadrinhamento político. Qualquer pessoa pode ser
milionária, independente de quanto ganhe. É o que preconiza o consultor
cearense Augusto Sabóia, da Sabóia Advisor. Ele é um dos palestrantes
da Expo Money Fortaleza, que acontece hoje e amanhã, no Hotel Vila
Galé, a partir de 13 horas. “Com o seu dinheiro, dá! O que vai
diferenciar para quem ganha mais ou menos é a velocidade do
enriquecimento. Mas tudo depende do ato de começar a poupar”, resume.
Pelos
cálculos de Sabóia, se você economizar R$ 300 mensais durante 30 anos,
aplicando os recursos em um fundo de renda fixa com rendimento de
apenas 1% ao mês, vai ter o tão sonhado R$ 1 milhão. “Se você, com 33
anos, economizar um pouco mais, digamos R$ 500 por mês, vai ser
milionário em 23 anos, e não mais em 30. Ou seja, terá sua fortuna com
56 anos de idade”, exemplifica.
Como gasta
O
primeiro passo rumo ao milhão, segundo o consultor, é compreender como
funciona o seu bolso. “Ganhar dinheiro, você já ganha. Mas precisa
saber como ele está indo embora fácil, fácil”, alerta. Além do apelo
consumista da sociedade atual , ele afirma que o próprio brasileiro é o
principal sabotador de suas finanças pessoais. “O brasileiro vive neste
círculo: recebe e vai a zero. Recebe de novo e vai a zero novamente.
Parece que não respeita a máquina de calcular”, diz.
Sabóia
exemplifica com as contas de uma família de quatro membros (pai, mãe e
dois filhos), com renda mensal de R$ 10 mil. “Essa família gasta, em
média, 45% da sua renda com prestação da casa própria, financiamento,
combustível e manutenção de dois carros, escola dos filhos e reserva
para a faculdade deles, previdência privada, mais inflação de 10% e
imposto de renda de 27,5%. Restam 55% para entrar em casa e realizar
outros gastos”.
Agora poupa
Assim,
colocar numa planilha todos os gastos da família já dá, de saída, a
dimensão do quanto vai ser necessário para iniciar o segundo passo:
poupar. “Você pode economizar no supermercado, mudando de loja ou de
marca; no posto de combustível, pedindo desconto para encher o tanque
dos dois carros; nas festas de família e amigos, comprando os presentes
pela metade do preço nas liquidações; negociando desconto no pagamento
à vista e resistindo aos gastos não planejados, como o cafezinho na
cantina, o chopp do happy hour”.
Com todas as contas na ponta do
lápis, enxugando os gastos aqui e ali e poupando algum recurso por mês,
você pode começar a planejar seus sonhos, sua aposentadoria, a
faculdade dos filhos... “Basta ter uma reserva maior para estes
objetivos. Se você quer fazer uma viagem à Disney com seu marido e dois
filhos, estipule um prazo de cinco anos, e comece a economizar,
guardando os recursos numa poupança, para pagar à vista, ao final do
período estipulado. Você vai gastar R$ 1.500 de passagem e hospedagem
para cada um, o que dá R$ 6.000, mais R$ 4.000 para gastar lá, dá R$ 10
mil”.
Sabóia lembra que, segundo o IBGE, os brasileiros gastam
20% da sua renda com o pagamento de juros. Por isso, ele acha
fundamental pagar a maior parte das compras à vista. Não caia na
conversa do ‘três sem juros’. Se você guardar seu 13º salário e suas
férias em uma poupança, rendendo 8%, vai ter R$ 10 mil no fim do ano,
já dá para ir à Disney”.
É PRECISO POUPAR
Dinheiro para garantir terceira idade
O planejamento financeiro pessoal bem-feito é uma ferramenta para todas as classes sociais
Tudo
bem, você quer ser um milionário. E até não está atolado em dívidas.
Tem a casa, o carro, as contas no azul. Mas, conforme o consultor
financeiro Augusto Sabóia, se não poupa, será simplesmente mais um
pobre, no futuro. “Isto porque as pessoas têm um passivo com a sua
velhice e com seus filhos”, diz. Com o aumento da expectativa de vida,
é preciso fazer dinheiro hoje para se sustentar na terceira idade.
“A
medicina não deixa mais a gente morrer. Isso para a economia é um
desastre: você paga um plano de previdência durante 30 anos e passa 40
anos aposentado. É necessário uma reserva monumental”, completa. Para
Sabóia, o planejamento financeiro pessoal bem feito é uma ferramenta
para todas as classes sociais.
“As pessoas precisam sair da
situação de endividadas para investidores. Isso independe do quanto se
ganha. Para ser um país rico, vamos ter que ter famílias ricas. Que a
palavra enriquecimento entre no dia-a-dia das nossas famílias”.
Longe do crédito fácil
Quem
ganha pouco, alerta, deve fugir ainda mais dos apelos do crédito fácil.
“Esse governo está fazendo com a população o que Cabral fez quando
chegou aqui: trocando espelho por riqueza; dando crédito caro em troca
dos trocados da família”, ensina. O especialista ensina que há formas
de ampliar o rendimento mensal. “Se eu sou um motoboy que ganha R$ 500
por mês, posso trabalhar à noite, entregando pizzas, ganhando R$ 1,00
por entrega. Em 30 dias, vou ter R$ 30,00”, exemplifica.
Se está
fazendo uma pós-graduação, por sua vez, saiba que pode ampliar sua
renda em até 40%, dando palestras, cursos e até publicando um livro
quando concluir essa etapa da sua formação.
Esforço em família
Ser
milionário é um esforço que deve ser empreendido por todos os membros
da família. E como incluir as crianças nesta empreitada? “Ensinando a
melhor forma de lidar com o dinheiro em cada uma das fases da vida dos
filhos”, comenta Sabóia.
Se a criança tem de seis a 13 anos, os
pais devem dar o dinheiro para a compra de um produto específico e
ensiná-la a trazer sempre o troco. “Você pega um pote de azeitona seco,
que se chamará Azeitona’s Bank, e incentiva criança a juntar as moedas
ali. Não vale o tradicional porquinho, pois ela não vai conseguir ver o
dinheiro se multiplicar”, ensina.
Com os filhos
Depois
de cheio, o “banco” vira um produto que seu filho tanto almeja. Não
precisa nem ser caro. Assim, ele terá a noção do que ele guarda, compra
um bem muito melhor”, completa. Dos 14 aos 23 anos, o especialista
aconselha a estabelecer regras claras para a mesada e, no caso dos que
têm estágio remunerado, do gasto com aquele dinheiro. Aí, vale chamar
para uma conversa aquele filho mais perdulário e tomar medidas como
nada de cartão de crédito ou cheque especial.
“O jovem de 23
anos, é o cara dos sonhos do comércio. Até os 34 anos, ele paga a
faculdade a prazo, a festa de casamento, o apartamento novo, a
decoração, o nascimento do filho... Só sai das dívidas em 40 anos”,
argumenta Augusto Sabóia.
Samira de Castro
Repórter