Apartir de hoje pesquisadores do Ceará, em parceria com profissionais do Rio Grande do Sul, dão início a um projeto de pesquisa que poderá trazer a cura da diabetes por meio da cirurgia bariátrica. Isso porque já foram comprovados a melhora e até o desaparecimento do diabetes em pacientes obesos mórbidos que foram submetidos ao procedimento cirúrgico, mesmo antes de perderem muito peso. Por meio do projeto de pesquisa, 60 pacientes diabéticos serão acompanhados durante cinco anos até que possam receber a indicação e autorização para serem submetidos à cirurgia.

Às 8 horas de hoje, o coordenador do projeto Cláudio Corá Motin, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), apresentará as propostas do estudo no Hospital Geral César Cals. Logo em seguida, às 10 horas, será realizada a primeira cirurgia pelo grupo de pesquisadores em um paciente com obesidade mórbida. “É um momento histórico para a medicina do Ceará. Os resultados das nossas pesquisas darão uma contribuição muito grande aos estudos sobre diabetes como um todo e à medicina”, afirma o cirurgião do aparelho digestivo, Luiz Moura, um dos coordenadores do projeto no Ceará.

Ele explica que o grande objetivo da pesquisa é atingir a melhora da diabetes nos pacientes sem que eles percam peso. “Essa é a nossa preocupação. Mas a cirurgia que estamos propondo é uma similar, que permite uma melhor absorção dos alimentos”. O médico acrescenta que, por meio da modalidade cirúrgica by-pass (desvio de estômago), o paciente passa a ter liberação de enzimas importantes para o diabetes, chamadas incretinas, que têm interferência no metabolismo da insulina. “A cirurgia leva à alteração no hormônio de origem gastrointestinal que regula a secreção de insulina e do glucagon (hormônio hiperglicemiante)”. Desta forma, o pâncreas começa a produzir mais insulina.

O projeto conta com pesquisadores do Hospital César Cals, Hospital Universitário Walter Cantídio, o departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Ceará (UFC), o Centro de Diabetes e Hipertensão e a Universidade Estadual do Ceará (Uece). Serão 30 pacientes do Ceará e 30, do Rio Grande do Sul.

SAIBA MAIS

> O italiano Francesco Rubino é um dos principais pesquisadores do assunto. Atualmente, sua pesquisa está em fase de estudo clínico experimental. Especialistas do mundo inteiro estão otimistas quanto aos resultados da pesquisa.

> Como ela não está concluída, ainda não há liberação para a realização da cirurgia em pacientes não-obesos.

> Conforme o médico Luis Moura, os 60 pacientes iniciais são suficientes para a realização da pesquisa. Mas ele acredita que outros grandes centros brasileiros que oferecem esses serviços integrem o estudo.