Fonte: Diário do Nordeste
Desde ontem, já começou a valer a resolução da Anvisa que determina a retenção da prescrição médica
No
primeiro dia de vigor da resolução Nº 44, da Agência Nacional da
Vigilância Sanitária (Anvisa), que determina a retenção de receitas
para a compra de antibióticos, com o intuito de reduzir a automedicação
e a resistência às bactérias, o movimento caiu um pouco nas farmácias
de Fortaleza. Ontem, o Diário do Nordeste percorreu quatro
estabelecimentos, dos quais em dois deles não houve procura por esses
medicamentos até o fim da tarde. O fato de ser domingo, dia em que as
vendas caem, também contribuiu.
Atendentes acreditam que, a
partir de hoje, a busca será maior e os problemas surgirão. Os
antibióticos são, normalmente, muito requisitados, mas as pessoas
costumavam comprá-los sem receita, já que não havia a exigência da
apresentação pelo comércio, apesar de a lei dizer que sim.
A
falta de informação sobre a nova determinação também vai trazer
problemas para o comércio farmacêutico. Além da queda no faturamento,
os estabelecimentos terão de enfrentar os questionamentos dos clientes,
como afirmou a atendente de uma farmácia localizada no Centro da
Capital. Ela relatou que chegou a ser mal tratada por uma cliente que
questionou por que a drogaria estava exigindo receita agora.
Adequação
"Vai
ser complicado eles se adequarem à nova lei", destacou a vendedora de
outro estabelecimento no Centro, Mary Sampaio. Além disso, ela
acrescentou que os clientes têm levado receita comum ou então a
correta, mas sem o preenchimento de todos os dados pelo médico. "É
preciso solicitar duas vias do receituário de controle especial com
preenchimento completo, contendo endereço, data, carimbo e assinatura
do médico".
No entanto, em alguns locais, houve muita procura
por antibióticos, ontem. Em uma farmácia situada na Avenida Duque de
Caxias, o movimento foi intenso durante todo o dia, inclusive por
telefone. Muitos clientes ligaram para saber sobre a possibilidade de
comprar medicamentos sem receita. De 20 compradores, 15 não tinham a
receita, como informou a balconista. "Nos casos mais graves orientamos
que as pessoas procurem um médico. Mas, se o problema não for grave
indicamos o uso de anti-inflamatório", disse a vendedora.
A
desinformação de que a resolução valeria a partir de ontem também
dificultou a venda. A auxiliar de Enfermagem, Célia Regina Raulino,
precisou comprar um antibiótico para a mãe recém-operada e não levou a
receita porque pensou que a lei entraria em vigor somente a partir do
dia 1° de dezembro. "O jeito foi voltar ao hospital e pegar a
prescrição", contou.
Pessoas com doenças crônicas que tomam
antibióticos com frequência enfrentarão dificuldades. É o caso do
policial militar, Francisco Juciê Queiroz de Lima, que faz uso do mesmo
medicamento continuamente. Ele assume que comprava sem receita porque
já sabe do seu problema. "A consulta custa R$ 60,00 e terei de ir ao
médico só para pedir receita", reclamou.
A nova regra divide
opiniões. Muitos acreditam que a lei vai inibir a automedicação.
"Concordo com a decisão. Tem muita gente que gosta de tomar medicamento
sem indicação médica. A exigência da receita vai acabar com isso",
destacou a funcionária pública Maria Délia de Souza. De acordo com a
nova regra, a prescrição médica para antibióticos terá dez dias de
validade e deve estar sem rasura.
LINA MOSCOSO
REPÓRTER