19/04/2012

Governo do CE critica unificação do ICMS

Projeto de Resolução que unifica a cobrança de ICMS de produtos importados entre os Estados divide opiniões. Para o secretário da Fazenda do Ceará, Mauro Filho, medida abre precedente para unificação do ICMS para os produtos nacionais, o que prejudicaria o Nordeste
A unificação em 4% das alíquotas interestaduais do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre importados, prevista pelo Projeto de Resolução 72, que deve ser votada pelo Plenário do Senado Federal na próxima semana, divide opiniões.
O governo federal defende a aprovação da matéria e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, diz que ela é fundamental para o Brasil preservar seu mercado interno para os produtos locais. O Governo do Ceará, ao contrário, é favorável à manutenção da diferença de alíquota, que hoje varia de 7% a 12%, de acordo com o destino e a origem da mercadoria, respectivamente.
O secretário da Fazenda do Ceará, Mauro Filho, explica que a medida é até benéfica para o Estado, que é mais importador. “Mas nos preocupa que o passo seguinte seja a unificação (do ICMS) para todos os produtos, até os produzidos internamente”, afirma, ressaltando que isso prejudicaria os estados do Norte e do Nordeste, que perderiam competitividade frente ao Sudeste e ao Sul.
Isso porque, hoje, o Ceará manda para fora do estado produtos com alíquota de 12% e recebe com 7%. “Essa diferença é indispensável para os estados nordestinos que precisam ter vantagens comparativas para viabilizar a desconcentração industrial e comercial brasileira”, completa.
Nas discussões do Senado, os maiores opositores ao projeto são os parlamentares dos estados de Santa Catarina, Espírito Santos e Goiás, que praticam incentivos fiscais para atrair a entrada de produtos importados, na chamada “guerra dos portos” - sem acesso ao mar, Goiás faz isso por suas aduanas. O Ceará, assim como os demais estados da federação, deverão ser beneficiados, do ponto de vista do governo federal.
É o que pensa o líder do governo no Senado, José Pimentel (PT-CE), que trabalha pela aprovação da resolução. Em discurso no Plenário da Casa, ele disse que este tema, embora não tenha a unidade na Casa, está bastante maduro para ser votado. “Sabemos das preocupações de Santa Catarina e do Espírito Santo com essa matéria e temos tentado construir um conjunto de medidas que permita equilibrar a realidade desses dois Estados e ao mesmo tempo venha contribuir para o crescimento da economia brasileira, em especial da indústria de transformação, que é a grande vítima desse processo”, destacou.
Indústria
Pimentel acrescentou que a redução do emprego no setor industrial, de aproximadamente 900 mil empregos formais nos últimos dez anos, em parte, é resultado desse problema do diferencial de alíquota entre os estados, em especial, o incentivo que é concedido a alguns setores dos importadores brasileiro.
Para Mauro Filho, só tem um setor que está realmente sendo muito afetado com as importações. “É o têxtil, porque estão chegando produtos acabados para competir os da indústria nacional”, afirma.
O texto já foi aprovado por duas comissões do Senado, a de Constituição e Justiça e a de Assuntos Econômicos. Se aprovada no plenário da Casa, já entra em vigor, já que não precisa passar pela Câmara nem pela sanção da presidente por ser um Projeto de Resolução do próprio Senado.
ENTENDA A NOTÍCIA
Apesar de o Ceará até se beneficiar com a resolução, o governo do Estado avalia que a matéria abre precedente para uma unificação futura do ICMS de todos os produtos, o que tira a competitividade dos estados do Norte e Nordeste.
 
Fonte: Fenafisco