Após 41 dias de greve, os servidores do Departamento Estadual de Trânsito do Ceará (Detran-CE) voltaram a trabalhar na tarde de ontem, logo após assembleia geral do Sindicato dos Trabalhadores na Área do Trânsito do Ceará (Sindetran-CE). Mas o expediente será mais puxado. Os funcionários precisarão compensar todo o acúmulo gerado com os dias parados.

Os números, divulgados pela assessoria de comunicação do órgão, mostram que mais de 15 mil pessoas deixaram tirar a primeira Carteira Nacional de Habilitação e seis mil documentos de transferência não foram realizados, além da vistoria em quase seis mil veículos. A assessoria também informou que 240 operações com base na lei seca não foram realizadas por seis fins de semana seguidos.

``Se tirarmos que tivemos uma média de 200 motoristas flagrados a cada operação & que dura de quinta a domingo & durante todo o período foram 1.200 autuações a menos``, informa o assessor do Detran-CE, Paulo Ernesto Serpa. Durante a greve ficaram mantidos os serviços de renovação e obtençãode segunda via da CNH e o emplacamento de veículos novos.

De acordo com o assessor, o plano do Detran é correr contra o tempo e colocar os trabalhos em dia com horas e dias especiais. A princípio, exames de habilitação ocorrerão em horários especiais e nos fins de semana. Além disso, mais equipes farão avaliações dos exames de direção na rua.

O retorno aos trabalhos atende à decisão do juiz responsável pela 6ª Vara da Fazenda Pública, Francisco Eduardo Torquato Scorsafava, que declarou ilegal a greve iniciada no último dia 24 de novembro. A reivindicação dos grevistas é pela implementação de um Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS).

De acordo com a presidente do Sindetran-CE, Eliene Uchoa, a decisão de voltar foi em acordo com o Ministério Público Estadual, que teria prometido uma audiência no próximo dia 20, com a participação de representantes da Procuradoria Geral do Estado, Detran-CE e dos servidores do órgão, com o intuito de discutir o PCCS.

``Isso não foi um desejo dos trabalhadores. Estávamos com o movimento porque nada de concreto foi apresentado sobre esse assunto. Decidimos retornar pelo acordo com o MP e demonstrando que os trabalhadores sabem dialogar``, diz a presidente.

Durante o período de greve, o Detran-CE funcionou com cerca de 30% dos funcionários que ficavam se revezando em Fortaleza. Em Juazeiro do Norte, Sobral e Crateús, o órgão funcionou normalmente.

E-MAIS

> 41 DIAS durou a paralisação dos servidores que iniciou em 24 de novembro de 2009 e só encerrou em 4 de janeiro de 2010.

> 25 MIL REAIS foi o valor estipulado pelo juiz responsável pela 6ª Vara da Fazenda Pública como multa diária que o Sindetran teria que pagar caso insistisse com a greve.

> 6 MIL VEÍCULOS deixaram de ser vistoriados pelo Detran nos 41 dias de greve.

> 6 MIL documentos de transferências não foram expedidos.

> 15 MIL foi a quantidade de pessoas deixaram de tirar a primeira habilitação.

> 90% significaria o aumento na folha de pagamento do Detran-CE com o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), de acordo com o superintendente do órgão, João Pupo.

> 14 DIAS durou a greve dos servidores em outubro de 2008, pelo mesmo motivo da recente reivindicação.

> 1.200 seria o número de autuações feitas pelo Detran, por meio das blitze, no período da greve, baseado pela média de 200 pessoas a cada operação realizada de quinta a domingo.

> 30% era a quantidade de funcionários trabalhando no Detran. Os funcionários se revezavam para manter esta taxa.