Diaário do Nordeste / Cidade

Beber muita água ao longo do dia é um dos principais cuidados para evitar problemas de infecção urinária

Apesar de não ser uma doença nova, a infecção urinária tornou-se alvo de questionamentos desde a morte da modelo capixaba Mariana Bridi, de 20 anos, no último sábado. Embora muitos estejam assustados com o fim trágico da jovem modelo, os especialistas atestam que não há motivo para pânico.

De acordo com o urologista Ivon Teixeira de Souza, o que aconteceu com a capixaba é uma situação “raríssima”. Ele frisa que a infecção urinária é uma doença comum, possível de ser prevenida e com tratamento simples. “Cerca de 30% das mulheres terão pelo menos um caso de infecção urinária da vida e 15% destas, terão a infecção repetida”, afirma.

Conforme o médico, cuidados “básicos” com a higiene e respeito aos sinais do corpo, como a vontade de urinar, são medidas simples que podem contribuir para evitar uma infecção urinária.

Ele explica que as mulheres são mais suscetíveis à doença porque a uretra é curta, o que deixa a bexiga com fácil comunicação com o meio externo. Outro fator é a proximidade da uretra feminina com o ânus, fazendo com que as bactérias migrem com facilidade.

Na maioria dos casos, explica o urologista, a infecção ocorre na bexiga, mas pode evoluir para os rins. Quando está somente na bexiga, os principais sintomas são ardor e dor para urinar, dor no pé da barriga, necessidade de ir ao banheiro muitas vezes, mas sempre despejando pouca urina, além de uma urina com mau cheiro. Nesses casos, o tratamento é feito com antibiótico de três a sete dias. “Mas pode acontecer da mulher não perceber que está doente por não ter todos os sintomas”, alerta.

No caso da doença ascender para os rins, os sintomas são mais fortes, com febre alta, calafrios e dor na região do rim. Nessas situações, pode ser que a paciente tenha que ser internada para receber antibiótico endovenoso e o medicamento deve continuar por 14 dias.

Além de ser muito difícil um caso de infecção urinária evoluir para uma situação como a da modelo, Ivon Teixeira de Souza explica ainda que a bactéria que causou sua infecção não é comum.

Mas para deixar de lado preocupações em excesso, o médico recomenda que a mulher tenha alguns cuidados básicos com a saúde. O primeiro deles é beber muita água ao longo do dia. Além disso, o ideal é não segurar a urina por muito tempo. “A urina é rica em nutrientes para a bactéria. Quando mais tempo a mulher ficar sem ir ao banheiro, mais tempo dá para a bactéria se multiplicar”, explica.

O cuidado com a higienização íntima após usar o banheiro também deve ser preocupação constante das mulheres. “É preciso também sempre cuidar bem da parte ginecológica”, complementa. O urologista alerta ainda para cuidados com o funcionamento do intestino, que não deve ser nem muito preso, nem muito solto, mas sim num ritmo normal.

Outra recomendação importante do médico é que a mulher procure sempre urinar após o ato sexual para minimizar os riscos de infecção. “Durante a relação, às vezes a bactéria é empurrada para dentro da uretra e, ao urinar, o organismo expulsa”, diz. Os aromatizantes íntimos e duchas intravaginais também estão proibidos, conforme o urologista.

No caso de aparecer algum sintoma da infecção, a recomendação é que procure um médico o mais breve possível. “É uma doença tão incômoda que ninguém espera. Quando aparece, a mulher já procura logo um especialista”, diz.

Caso Mariana Bridi

A modelo Mariana Bridi, 20 anos, começou a se sentir mal no último dia 30 de dezembro, com dor lombar. Logo foi diagnosticada infecção urinária e ela foi medicada. No último dia dois de janeiro, ela foi internada. Os exames acusaram que ela estava com uma bactéria resistente a vários antibióticos. A modelo faleceu no último sábado, dia 24.

Homens

Apesar de menos comum, homens podem ter infecção urinária. Os sintomas são os mesmos, mas a doença requer mais atenção. “Quando o homem adoece, indica alguma anormalidade no trato urinário, seja estreitamento da próstata, cálculo urinário ou má formação congênita".

SOBRE A DOENÇA

Tipos

- Em mulheres: quando atinge bexiga é chamada de ´cistite´ e ao afetar os rins é ´pielonefrite´
- Em homens: pode acometer a próstata, os testículos e os rins

Sintomas

- Dor na bexiga
- Sensação de queimação ou ardência ao urinar
- Vontade urgente ou dificuldade de urinar
- Sangue na urina
- Dor na lombar
- Mal-estar
- Febre
- Mudanças de cor ou de odor na urina

Como se prevenir

- Beber bastante líquido ao longo do dia
- Não segurar a urina por muito tempo
- Usar calcinhas e cuecas de algodão
- Evitar roupas apertadas
- Urinar logo após o sexo
- Evitar a penetração até que a vagina esteja bem lubrificada
- Manter boa higiene

Tratamento

- São tratadas com antibióticos, mas em 80% dos casos pode melhorar sem o uso de medicação
- O ideal é consultar um médico assim que surgirem os primeiros sintomas. Dessa forma, a bactéria responsável logo será identificada e, então, o antibiótico adequado pode ser indicado pelo profissional