24/10/2012

Iraniano é condenado a 20 anos de prisão

Depois de quatro anos, o iraniano Farhad Marvizi, 50, o ´Tony´, apontado como mandante da tentativa de homicídio contra o auditor da Receita Federal José de Jesus Ferreira, ocorrida no dia 9 de dezembro de 2008, no bairro Varjota, foi condenado, ontem, a 20 anos de prisão pela Justiça Federal no Ceará.

Após 11 horas de julgamento, o Conselho de Sentença acatou a tese do Ministério Público Federal e condenou o estrangeiro. O juiz Danilo Fontenele Sampaio, da 11ª Vara Federal, que presidiu o julgamento, afirmou ter na considerado na sentença, a personalidade e a conduta social do acusado e que "o crime praticado atingiu o grau máximo de censurabilidade que a violação da lei penal pode atingir".

Disse ainda na decisão, que "as circunstâncias delineadas nos autos demonstram que o réu agiu com frieza, premeditadamente, em razão de sentimento egoístico e baixo, em desprezo pela vida da vítima e pelo destino de todos os seus familiares, sob a premissa de que a vítima não poderia, em cumprimento da lei, fazê-lo responsável pelos atos ilícitos praticados".

Durante o julgamento, Farhad Marvizi negou a acusação e disse nunca ter mandado matar ninguém. Segundo ele, sua postura de "pessoa religiosa e de bons costumes" impossibilitaria este tipo de prática. No entanto, o auditor José Jesus Ferreira, confirmou a versão que apontava o réu como culpado pelo atentado que sofrera.

O procurador da República, Samuel Miranda Arruda, iniciou sua fala e sustentou a tese do Ministério Público de que o iraniano agiu por um "motivo fútil, em face de rancor em razão da fiscalização que gerou apreensões nas empresas dele". O assistente de acusação, advogado Maurício Colomba, ratificou a fala do procurador, e ressaltou a gravidade da tentativa de homicídio, ocorrida mediante pagamento e emboscada.

A defesa de Marvizi, representado pelos advogados Flávio Jacinto e Waldir Xavier, sustentou que o Ministério Público estava acusando seu cliente sem provas. Disse ainda que, "a inocência deve ser preservada e a dúvida beneficia o réu". Os assistentes de acusação e os procuradores Rômulo Moreira Conrado e Samuel Miranda Arruda, usaram a tréplica para reafirmar as razões pelas quais consideravam o réu culpado. No fim, os jurados acataram a tese da acusação de tentativa de homicídio triplamente qualificado.

Outras acusações

Além do atentado contra o auditor fiscal, o iraniano é apontado pela Polícia como chefe de uma organização criminosa que atuava no contrabando de mercadorias. Também é acusado de crimes como homicídios, enriquecimento ilícito, sonegação fiscal e, formação de quadrilha.

Sindifisco realiza protesto no Fórum

O auditor da Receita Federal José de Jesus Ferreira foi recebido com abraços pelos colegas de trabalho depois de prestar depoimento FOTO: EDILENE VASCONCELOS

Antes da chegada do iraniano Farhad Marvizi ao prédio da Justiça Federal, no Centro, os auditores fiscais da Receita Federal do Brasil realizaram manifestação pacífica contra a impunidade. O ato contou com a presença de membros da categoria do Ceará e de outros Estados.

O presidente do Sindifisco no Ceará, Marcelo Maciel, lembrou que o atentado contra Jesus Ferreira foi crime contra o Estado, pois atingiu um agente público durante o estrito cumprimento do dever.

O representante da categoria ressaltou que os agentes públicos são vítimas de atentados diariamente, em todo o Brasil, sem que o estado ofereça segurança aos funcionários. Marcelo Maciel destacou que Jesus Ferreira é um dos poucos sobreviventes.

O presidente nacional do Sindifisco, Pedro Delarue, lembrou que o crime contra Jesus Ferreira teve repercussão nacional. Delarue disse que a manifestação serve para alertar a sociedade. Segundo ele, esse tipo de crime não pode ficar impune e que o estado deve dar garantias de segurança aos servidores, para que esses possam desempenhar a função como deve ser.

Indignação

Por volta de 10 horas, Jesus Ferreira saiu da sala de julgamento, onde prestou depoimento e se dirigiu à praça onde os manifestantes estavam acampados e foi recebido com abraços e aplausos. Ele foi enfático em lembrar que Farhad Marvizi é chefe de uma quadrilha internacional e que achava que ficaria impune o tempo todo.

O auditor fiscal, vítima da tentativa de assassinato, lembrou que ele é quem está em prisão domiciliar, pois vive cercado por seguranças, pagos pelo Sindifisco-CE. "Eu não posso nem fazer uma caminhada, porque corro risco de ser assassinado a qualquer momento", afirmou, acrescentando que isso se faz necessário porque ninguém sabe quantos bandidos a serviço de Marvizi ainda estão soltos.

O auditor fiscal ressaltou que ficou seis meses tetraplégico, mas recuperou-se e voltou a trabalhar um ano e nove meses depois do atentado. "Eu confio na Justiça de Deus e na consciência dos jurados". Ele acrescentou que "prender um rico não é difícil. O difícil é mantê-lo preso". Desde 2008, o Sindifisco arca com as despesas médicas, assistência jurídica e segurança dele.


Fonte: Diário do Nordeste