28/01/2010

Lições da mais nova centenária

Fonte: O Povo
 
Ela nunca pensou que chegaria a tanto, mas a última terça-feira serviu para confirmar: a fé e a determinação levaram Matilda Rosa da Silva Moura a completar 100 anos. E, se é para oferecer uma lição de vida, ela destaca: o estudo é o bem mais precioso. As homenagens ocorreram justamente no espaço onde ela sempre exaltou, a escola, com família reunida, amigos presentes e muitas lembranças.

Nascida em Jaguaretama, a 239 quilômetros de Fortaleza, as recordações de dona Matilde estão sempre acompanhadas da preocupação com o saber dos filhos. Saiu da fazenda Riacho dos Bois para Jaguaribe com a intenção de dar mais estudo a eles; durante a enchente do rio Orós, a preocupação era com o tempo que os filhos ficariam sem ir à escola; depois veio a necessidade de ir à Capital para acompanhar de perto a evolução deles nos estudos. ``A gente tem que valorizar os estudos, que podem oferecer as maiores felicidades para um homem``, destaca.

Sem grandes oportunidades de estudo, dona Matilde foi alfabetizada em casa, por um dos irmãos mais velhos. ``A mamãe nunca foi à escola, mas sempre deu muito valor ao estudo``, explica a primogênita, Socorro Moura, 60. Como recompensa, viu os três filhos se formarem, sendo que duas seguiram na Pedagogia e fundaram um centro educacional - o Brasileirinho, no Henrique Jorge, onde Matilda comemorou o centenário. Ao longo da jornada, ela acabou perdendo a companhia do esposo, que morreu em 1953, e precisou seguir como chefe da família. ``Ela é uma mulher guerreira e muito determinada``, afirma Socorro.

Graça alcançada
A longevidade de dona Matilde não é o primeiro caso na família. O avô dela conseguiu chegar aos 103 anos com lucidez e qualidade de vida, assim como ela. E, sua irmã, segue no mesmo ritmo, com 97 anos. O segredo deve ser não pensar muito sobre o assunto e buscar a felicidade sempre. ``Só fui perceber que poderia chegar aos 100 quando completei 99 anos. Eu me considero uma pessoa muito feliz``, constata.

Por isso, o momento é de agradecer. Semanalmente, ela participa do grupo feminino de oração da Igreja Sagrado Coração de Maria. ``Sempre pedi que Deus me conservasse e fizesse de mim uma pessoa querida. Acho que alcancei a graça``, diz. Hoje, as orações são outras. ``Peço a Deus pela minha salvação, isso é o mais importante``, ensina. (Viviane Gonçalves)