28/05/2010
Estimativa considera ano eleitoral e padrão da ANS de sempre determi- nar abaixo do pleito que este ano é de 8% a 10%
Os planos de saúde individuais contratados a partir de janeiro de 1999 devem sofrer um reajuste entre 6% a 8%.
O presidente da Abramge (Associação Brasileira de Medicina de Grupo), Flávio Wanderley, diz que esta expectativa leva em consideração o ano eleitoral, mas que as planilhas de custo das operadoras de saúde apontam a necessidade de variações entre 9% a 11%. "Este cálculo leva em conta a ampliação do atendimento em novos procedimentos e a inflação", esclarece.
A previsão abaixo do pleito deve-se, além do ano eleitoral, ao fato de que nos últimos anos a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) tem determinado reajustes abaixo do que as operadoras calculam em suas planilhas de custo, explica Wanderley. Um exemplo disso é o aumento concedido ano passado, quando as operadoras apontaram uma variação de 8% a 9% em seus custos, mas a ANS determinou 6,7%, relembra o gestor.
A questão é que os usuários de plano de saúde vão sentir um peso maior este ano, já que as possibilidades variam entre 6% a 11%. O prazo para anunciar o percentual deve sair na próxima semana, segundo informou ontem a assessoria de imprensa da ANS, mas esta informação é aguardada desde abril.
A coordenadora institucional da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), Maria Inês Dolci, que afirma que o atraso no anúncio dos novos valores é prejudicial às contas dos clientes das operadoras. "São 7,4 milhões de consumidores com planos de saúde individuais contratados a partir de janeiro de 1999 e que têm o direito à informação para se prepararem financeiramente antes da chegada do boleto", opina.
O novo presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Maurício Ceschin, já informou que irá anunciar o reajuste anual dos planos de saúde individuais até o fim do mês de maio. A divulgação dos novos valores deveria ter sido feita no fim do mês passado, porém, a ANS afirma que a troca de presidentes causou o adiamento da informação.
Ceschin já garantiu que o aumento terá como base a mesma metodologia utilizada nos últimos reajustes, desconsiderando o impacto dos novos procedimentos que começarão a vigorar em julho. No ano passado, o teto informado pela ANS, no dia 24 de abril, foi de 6,76%.
Maria Inês acredita que a alta siga esse patamar. Entretanto, ela alerta que o novo valor do plano terá maior peso no bolso do consumidor que mudar de faixa etária nos contratos. "Esses clientes terão de arcar com dois reajustes. Além do índice a ser aprovado pela ANS, após o aniversário, eles poderão passar para uma faixa mais cara prevista no contrato", avisa.
O aumento que deverá ser anunciado em breve considera, entre outras variáveis, a elevação dos preços de materiais e serviços oferecidos aos usuários entre maio de 2009 e abril de 2010. Para o cálculo do teto dos reajustes para planos individuais, além da inflação, a ANS também avalia alguns pleitos do setor para, em reunião da Diretoria Colegiada, estabelecer e divulgar o índice.
Segundo determinação da ANS publicada no Diário Oficial da União de 12 de janeiro, os 70 procedimentos que passarão a valer em julho incluem transplante de medula óssea, exame Pet-Scan (usado para diagnosticar câncer de pulmão), implante de marca passo multissítio, oxigenoterapia hiperbárica e mais de 20 tipos de cirurgias torácicas por vídeo.
De acordo com a coordenadora da ProTeste, a partir de agora, os casais do mesmo sexo poderão incluir o parceiro como dependente em seu plano de saúde. "É uma decisão importante que reduz os gastos. Até agora, casais de homossexuais se obrigavam a pagar dois planos para a mesma família".