04/01/2010

Renda fixa e títulos são novas apostas

Fonte: Diário do Nordeste
 

Previsão de elevação da Taxa Selic até o fim de 2010 é apontada como fator determinante na análise dos especialistas

São Paulo Eleições, expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e apostas na elevação da taxa básica de juros - a Selic - fazem de 2010 um ano em que o planejamento dos investimentos requer cuidado especial. A bolsa acumulou alta superior a 85% em 2009 e alguns analistas apostam que um ciclo de baixa, para ajustes, se avizinha. Sobre os fundos de renda fixa, a opinião é de que podem despertar maior interesse com a elevação da Selic.

A mesma opinião vale para os títulos do governo no Tesouro Direto, enquanto a poupança é recomendada para os investidores que buscam segurança e liquidez, em detrimento da rentabilidade menor.

Sinara Figueiredo, superintendente de Investimentos do Grupo Santander, acredita que o PIB cresça próximo de 5% em 2010, o que aliado à demanda aquecida pode levar à alta dos preços e à inflação, que seria combatida com o aumento da Selic, sobretudo a partir do segundo semestre. A partir deste cenário, ela afirma que os investimentos em renda fixa, como títulos do governo, certificados de depósitos bancários (CDBs) e fundos são boa pedida. "O rendimento médio bruto deve fechar em 10%, um índice bastante razoável", avalia.

Na opinião da analista do Santander, uma carteira de investimentos harmônica é aquela que tem pelo menos metade dos recursos em renda fixa. "É o dinheiro de curto prazo", diz. Segundo ela, investidores em busca de ganhos maiores terão de abrir mão da liquidez - o que dificultaria a transformação do investimento em dinheiro em curto espaço de tempo - ou da segurança, o que obrigaria o investidor a correr risco no mercado de ações, por exemplo.

Renê Coppe Pimentel, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), diz que os fundos de renda fixa são mais indicados para aquelas pessoas que dispõem de algo entre R$ 5 mil e R$ 10 mil para aplicar, mas ele pede atenção: "As taxas de administração precisam ser inferiores a 2,5% para compensar", afirma.

Poupança

Pimentel sugere que caso não seja possível encontrar um fundo com tal característica, o melhor é deixar o dinheiro na caderneta de poupança, sobre a qual não há tributação. Ele lembra, porém, que até o apagar das luzes de 2009 o governo pode aprovar o projeto que tributa os saldos das cadernetas excedentes a R$ 50 mil. Em relação aos títulos do governo, via Tesouro Direto, ele só recomenda nos casos em que a taxa de custódia, cobrada pelas instituições para "guardar" o documento, fique na faixa de 0,5%. "Há instituições que cobram até 4% ao ano sobre o valor de compra", alerta.

Segundo o professor de finanças do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper, Ricardo Rocha, a perspectiva de alta da Selic para perto dos 10% ao ano até o fim de 2010 pode tornar as aplicações de renda fixa mais atraentes. Ele também menciona os fundos de previdência e sugere que quanto mais jovem o beneficiário, melhor a opção por planos mistos que combinam renda variável e renda fixa.