
“Mulher: multiplicidade e lutas - O papel feminino na construção de uma
nova ordem social” foi o tema do seminário promovido pelas entidades
fazendárias – Sintaf, AAFEC, Fundação Sintaf e Cafaz – nesta sexta-feira
(22), em homenagem ao mês da mulher. O evento reuniu fazendárias,
sindicalistas e representantes da sociedade civil num enriquecedor
debate.
O coral Bem Cantar da Cafaz abriu as homenagens, emocionando os
presentes com um repertório exclusivo. Em seguida, bailarinos da ONG
BCAD executaram belos números de ballet clássico, mostrando que a arte
pode ensinar cidadania e resgatar vidas.
A primeira convidada a palestrar foi a assessora especial de Políticas
Públicas sobre Drogas do Governo do Estado, Socorro França. Ela, que até
2012 era Procuradora Geral de Justiça do Estado, começou sua
apresentação elogiando as mulheres presentes, enaltecendo em especial o
trabalho das fazendárias, “função fantástica que merece destaque diante
dos riscos e responsabilidades”.
Sobre o tema, lembrou a necessidade de reflexão diante dos valores
sociais que foram deixados de lado, sendo preciso resgatá-los para então
reconstruir um mundo melhor. “Que nova ordem social é essa que nós
queremos?”, questionou. Drogas e álcool também foram mencionados pela
palestrante, que apresentou sua preocupação para com a mulher. “Nunca as
mulheres foram tão vítimas do álcool”, alertou, ressaltando que é
preciso fazer um bom trabalho de prevenção.
Socorro França destacou ainda que o trabalho da Assessoria Especial é
articular todas as políticas sobre drogas do Estado, e que o trabalho de
resgate dos dependentes químicos é um a um. “É preciso muita doação,
muita entrega dos profissionais e voluntários para conquistar essas
pessoas e salvar vidas”, afirmou. A Assessora comemorou a iniciativa da
presidente Dilma em liberar R$ 4 bilhões para o tratamento de
dependentes químicos, através do programa “Crack, é possível vencer”.
Com isso, será possível ampliar o número de comunidades terapêuticas
mantidas pelo Estado, assim como os leitos de desintoxicação e as
unidades de acolhimento ao dependente químico.
A segunda palestrante foi Olga Maia, presidente da Associação Peter
Pan. Olga falou do papel transformador da mulher, que na maioria das
vezes se divide em várias para atender todas as situações cotidianas.
Ela também destacou a importância do resgate dos valores da mulher
diante da sociedade, como mãe e profissional, bem como da luta feminina
pelo próximo. Olga contou um pouco da história da Associação Peter Pan e
do engajamento feminino nas causas sociais.
A deputada estadual Eliane Novaes (PSB), que não pode comparecer, foi
representada pela sua assessora parlamentar, Valderez Albuquerque. Ela
falou sobre o trabalho desenvolvido pelo Escritório de Direitos Humanos
Frei Tito de Alencar, que tem como objetivo prestar assistência jurídica
às comunidades marginalizadas do Estado. Valderez ressaltou que a
maioria das lutas é encabeçada por mulheres, assim como as denúncias.
Completando a apresentação, a advogada Marília Passos explicou que o
foco principal dos trabalhos do Escritório está no atendimento judicial
(em causas civis e criminais) e extrajudicial à população carente, em
causas como conflitos por terra na cidade e no campo; a luta pela
moradia; o combate à violência contra os direitos humanos de segmentos
como as mulheres e as populações indígenas; a defesa da liberdade de
comunicação, com a garantia aos meios de comunicação popular; a defesa
do meio ambiente, entre outras.
Joana Almeida, presidente da CUT Ceará, destacou a atuação da mulher
frente aos movimentos sindicais. Fazendo um breve resgate da
participação feminina, apresentou dados como a evolução da mulher nos
meios sindicais, situação que só foi possível diante muita luta. “A
implantação de cotas nas diretorias foi um avanço, mas ainda não é uma
situação satisfatória, pois buscamos uma composição paritária no meio
sindicalista”, afirmou. Os dados apresentados por Joana levaram os
presentes à reflexão da participação da mulher não só nos movimentos
sindicais, mas na política e nos diversos espaços de decisão. “Lugar de
mulher é onde ela quiser”, apontou, reafirmando que as mulheres são
capazes, sim, de desempenhar as mesmas funções dos homens.
Fechando o ciclo de palestras Izabel Cristina, diretora da ONG
Velaumar, falou da atuação das mulheres dentro das comunidades, em
especial no Poço da Draga, onde reside. Demonstrando a vontade feminina
em transformar realidades, ela exemplificou que a maioria dos líderes
existentes no local são mulheres. Izabel fez ainda referência a sua mãe
Rosilda Lima, falecida em 2011, que foi fundadora da ONG Velaumar. Ao
criar a ONG, Rosilda tinha como intenção ajudar as mulheres da
comunidade, que esperavam por mais de 20 dias seus maridos retornarem do
mar, mostrando a elas que era possível, sim, educar e dar uma vida
digna aos filhos mesmo sem a presença física de seus companheiros.
Outras experiências
A fazendária Gláucia Lima foi convidada a falar sobre o movimento
Mulheres no Fisco, que busca contribuir com a luta pela equidade entre
homens e mulheres. O movimento está nas redes sociais e atua na
discussão do papel feminino no ambiente de trabalho. Na oportunidade,
Gláucia falou também de sua experiência recente em Cuba, quando lançou o
livro “Canciones: pragmática sociocultural em la enseñanza de e/Le” no I
Intercâmbio Internacional de experiências: cultura, comunicação,
marketing e comunidade.
Já a fazendária Rozélia Ponte expôs exemplos positivos de resgate de
famílias que enfrentavam problemas com a dependência química através do
Laboratório Social realizado através de parceria entre a Sefaz e a
Cafaz. O objetivo do Laboratório é construir mecanismos de enfrentamento
às problemáticas que emergem da dependência química entre os servidores
estaduais da Sefaz e familiares associados da Cafaz. As reuniões do
Laboratório Social acontecem todas as terças-feiras, das 9h às 10h30min
na CEDRH.
Momento lúdico
Tradicionalmente o seminário em comemoração ao mês da Mulher promovido
pelas entidades fazendárias traz importantes debates e reflexões pela
manhã e uma programação mais lúdica à tarde. Este ano não foi diferente.
Após workshop de dança do ventre com a profª. Elba Lopes, as
participantes tiveram uma aula de alongamento com a fisiologista Liliane
Dias e a educadora física Luciana Portela, ambas do projeto “Eu sou
ativo: pratico atividade física” da AAFEC. Finalizando o evento, a
fazendária Aurelina Farias, da CEDRH, conduziu a meditação em movimento.
Depoimentos
“Eu estou maravilhada. As palestras acrescentaram muito para mim. Todas
as palestrantes me fizeram refletir sobre os temas abordados. O cuidado
com nossa qualidade de vida, com as atividades propostas, também me
deixaram contente em saber que vocês (as entidades fazendárias) se
preocupam com nossa saúde” - Maily Campos Martins
“O seminário foi muito bom e me fez refletir em vários pontos. Tanto as
palestras quanto a parte lúdica me interessaram muito” - Liliane Macedo Aguiar
“Saio daqui com um sentimento maravilhoso. Eu me sinto tranquila por
estar sendo valorizada pelas nossas entidades através deste seminário,
que nos homenageia e nos faz refletir sobre o nosso papel, derrubando
barreiras. Sinto-me lisonjeada porque vejo as mudanças” - Heloísa Tomás
“Saio daqui levando como reflexão o papel feminino nessa construção de
uma nova sociedade, mas não pensando só na mulher, incluindo o homem
também, pois o momento agora é o da descoberta do espírito feminino” – Aurelina Farias
“Cada vez que eu me faço presente num seminário como esse, em que
muitas mulheres falam de seus ideais, eu me sinto privilegiado porque a
mulher é tudo para mim. Sem ela eu não seria nada” - Edmilson Porto
Fonte: Sintaf-CE