01/04/2013

Seminário discute o papel feminino na construção de uma nova ordem social

 

“Mulher: multiplicidade e lutas - O papel feminino na construção de uma nova ordem social” foi o tema do seminário promovido pelas entidades fazendárias – Sintaf, AAFEC, Fundação Sintaf e Cafaz – nesta sexta-feira (22), em homenagem ao mês da mulher. O evento reuniu fazendárias, sindicalistas e representantes da sociedade civil num enriquecedor debate.
 
O coral Bem Cantar da Cafaz abriu as homenagens, emocionando os presentes com um repertório exclusivo. Em seguida, bailarinos da ONG BCAD executaram belos números de ballet clássico, mostrando que a arte pode ensinar cidadania e resgatar vidas.
 
A primeira convidada a palestrar foi a assessora especial de Políticas Públicas sobre Drogas do Governo do Estado, Socorro França. Ela, que até 2012 era Procuradora Geral de Justiça do Estado, começou sua apresentação elogiando as mulheres presentes, enaltecendo em especial o trabalho das fazendárias, “função fantástica que merece destaque diante dos riscos e responsabilidades”.
 
Sobre o tema, lembrou a necessidade de reflexão diante dos valores sociais que foram deixados de lado, sendo preciso resgatá-los para então reconstruir um mundo melhor. “Que nova ordem social é essa que nós queremos?”, questionou. Drogas e álcool também foram mencionados pela palestrante, que apresentou sua preocupação para com a mulher. “Nunca as mulheres foram tão vítimas do álcool”, alertou, ressaltando que é preciso fazer um bom trabalho de prevenção.
 
Socorro França destacou ainda que o trabalho da Assessoria Especial é articular todas as políticas sobre drogas do Estado, e que o trabalho de resgate dos dependentes químicos é um a um. “É preciso muita doação, muita entrega dos profissionais e voluntários para conquistar essas pessoas e salvar vidas”, afirmou. A Assessora comemorou a iniciativa da presidente Dilma em liberar R$ 4 bilhões para o tratamento de dependentes químicos, através do programa “Crack, é possível vencer”. Com isso, será possível ampliar o número de comunidades terapêuticas mantidas pelo Estado, assim como os leitos de desintoxicação e as unidades de acolhimento ao dependente químico.
 
A segunda palestrante foi Olga Maia, presidente da Associação Peter Pan. Olga falou do papel transformador da mulher, que na maioria das vezes se divide em várias para atender todas as situações cotidianas. Ela também destacou a importância do resgate dos valores da mulher diante da sociedade, como mãe e profissional, bem como da luta feminina pelo próximo. Olga contou um pouco da história da Associação Peter Pan e do engajamento feminino nas causas sociais.
 
A deputada estadual Eliane Novaes (PSB), que não pode comparecer, foi representada pela sua assessora parlamentar, Valderez Albuquerque. Ela falou sobre o trabalho desenvolvido pelo Escritório de Direitos Humanos Frei Tito de Alencar, que tem como objetivo prestar assistência jurídica às comunidades marginalizadas do Estado. Valderez ressaltou que a maioria das lutas é encabeçada por mulheres, assim como as denúncias. Completando a apresentação, a advogada Marília Passos explicou que o foco principal dos trabalhos do Escritório está no atendimento judicial (em causas civis e criminais) e extrajudicial à população carente, em causas como conflitos por terra na cidade e no campo; a luta pela moradia; o combate à violência contra os direitos humanos de segmentos como as mulheres e as populações indígenas; a defesa da liberdade de comunicação, com a garantia aos meios de comunicação popular; a defesa do meio ambiente, entre outras.
 
Joana Almeida, presidente da CUT Ceará, destacou a atuação da mulher frente aos movimentos sindicais. Fazendo um breve resgate da participação feminina, apresentou dados como a evolução da mulher nos meios sindicais, situação que só foi possível diante muita luta. “A implantação de cotas nas diretorias foi um avanço, mas ainda não é uma situação satisfatória, pois buscamos uma composição paritária no meio sindicalista”, afirmou. Os dados apresentados por Joana levaram os presentes à reflexão da participação da mulher não só nos movimentos sindicais, mas na política e nos diversos espaços de decisão. “Lugar de mulher é onde ela quiser”, apontou, reafirmando que as mulheres são capazes, sim, de desempenhar as mesmas funções dos homens.
 
Fechando o ciclo de palestras Izabel Cristina, diretora da ONG Velaumar, falou da atuação das mulheres dentro das comunidades, em especial no Poço da Draga, onde reside. Demonstrando a vontade feminina em transformar realidades, ela exemplificou que a maioria dos líderes existentes no local são mulheres. Izabel fez ainda referência a sua mãe Rosilda Lima, falecida em 2011, que foi fundadora da ONG Velaumar. Ao criar a ONG, Rosilda tinha como intenção ajudar as mulheres da comunidade, que esperavam por mais de 20 dias seus maridos retornarem do mar, mostrando a elas que era possível, sim, educar e dar uma vida digna aos filhos mesmo sem a presença física de seus companheiros.
 
Outras experiências
 
A fazendária Gláucia Lima foi convidada a falar sobre o movimento Mulheres no Fisco, que busca contribuir com a luta pela equidade entre homens e mulheres. O movimento está nas redes sociais e atua na discussão do papel feminino no ambiente de trabalho. Na oportunidade, Gláucia falou também de sua experiência recente em Cuba, quando lançou o livro “Canciones: pragmática sociocultural em la enseñanza de e/Le” no I Intercâmbio Internacional de experiências: cultura, comunicação, marketing e comunidade.
 

Já a fazendária Rozélia Ponte expôs exemplos positivos de resgate de famílias que enfrentavam problemas com a dependência química através do Laboratório Social realizado através de parceria entre a Sefaz e a Cafaz. O objetivo do Laboratório é construir mecanismos de enfrentamento às problemáticas que emergem da dependência química entre os servidores estaduais da Sefaz e familiares associados da Cafaz. As reuniões do Laboratório Social acontecem todas as terças-feiras, das 9h às 10h30min na CEDRH.

Momento lúdico
 
Tradicionalmente o seminário em comemoração ao mês da Mulher promovido pelas entidades fazendárias traz importantes debates e reflexões pela manhã e uma programação mais lúdica à tarde. Este ano não foi diferente. Após workshop de dança do ventre com a profª.  Elba Lopes, as participantes tiveram uma aula de alongamento com a fisiologista Liliane Dias e a educadora física Luciana Portela, ambas do projeto “Eu sou ativo: pratico atividade física” da AAFEC. Finalizando o evento, a fazendária Aurelina Farias, da CEDRH, conduziu a meditação em movimento.
 
Depoimentos
“Eu estou maravilhada. As palestras acrescentaram muito para mim. Todas as palestrantes me fizeram refletir sobre os temas abordados. O cuidado com nossa qualidade de vida, com as atividades propostas, também me deixaram contente em saber que vocês (as entidades fazendárias) se preocupam com nossa saúde” - Maily Campos Martins
 
“O seminário foi muito bom e me fez refletir em vários pontos. Tanto as palestras quanto a parte lúdica me interessaram muito” - Liliane Macedo Aguiar
 
“Saio daqui com um sentimento maravilhoso. Eu me sinto tranquila por estar sendo valorizada pelas nossas entidades através deste seminário, que nos homenageia e nos faz refletir sobre o nosso papel, derrubando barreiras. Sinto-me lisonjeada porque vejo as mudanças” - Heloísa Tomás
 
“Saio daqui levando como reflexão o papel feminino nessa construção de uma nova sociedade, mas não pensando só na mulher, incluindo o homem também, pois o momento agora é o da descoberta do espírito feminino” – Aurelina Farias
 

“Cada vez que eu me faço presente num seminário como esse, em que muitas mulheres falam de seus ideais, eu me sinto privilegiado porque a mulher é tudo para mim. Sem ela eu não seria nada” - Edmilson Porto

 

Fonte: Sintaf-CE