Arte, beleza, luta, força e poder. Muito do que a mulher representa
hoje em nossos dias foi evocado para as reflexões do seminário “Mulher:
poder e transformação”, realizado na última quarta-feira (21) pelas
entidades fazendárias, no Hotel Sonata de Iracema.
A abertura do evento ficou a cargo do Coral da Cafaz, que encantou a
todos com uma bela apresentação. Na sequência, representantes das
entidades fazendárias fizeram as suas saudações iniciais: Elenilda dos
Santos e Carlos Eduardo Marino, pela Fundação Sintaf; Francisco Ângelo e
Ana Maria Cunha, pelo Sintaf; Clóvis Veras e Juanita Mota, pela AAFEC;
Luís Pontes e Regina Pires Carvalho, pela Auditece; José Pinheiro e
Marcy Bevilaqua, pela Cafaz. Todos foram unânimes em ressaltar o papel
decisivo da mulher nos tempos atuais, e também destacaram a necessidade
de enfrentamento às desigualdades de gênero. A deputada estadual Eliane
Novais (PSB) também fez uso da palavra e enalteceu o papel que as
mulheres parlamentares vêm fazendo na Assembléia Legislativa (AL).
Eliane destacou igualmente a instalação na AL da Frente Parlamentar dos
Direitos da Mulher.
Mulher: Poder e transformação

O
painel principal do seminário contou com as palestras da Secretária de
Justiça do Estado do Ceará, Mariana Lobo; da Defensora Pública Geral do
Estado do Ceará, Andréa Coelho; da Coordenadora de Políticas para as
Mulheres da Prefeitura de Fortaleza, Raquel Viana; da presidente da
Associação das Mulheres Advogadas do Estado do Ceará, Fernanda Cláudia; e
da coordenadora do Fórum Unificado das Associações e Sindicatos dos
Servidores Públicos Estaduais do Ceará (Fuaspec), Jerusa Matos. A mesa
foi coordenada pela diretora do Sintaf, Ana Maria Cunha.
A Defensora Pública Geral do Estado, Andréa Coelho, fez um levantamento
de que, apesar das recentes conquistas, a participação das mulheres na
esfera política ainda é reduzida. A Defensora ressaltou que as mulheres
“devem ousar, buscar os espaços, lutas por eles”. Por fim, parafraseando
Michele Bachellet, Diretora Executiva da ONU Mulheres, Andréa afirmou
que “não há desenvolvimento para o mundo sem que a mulher esteja
envolvida em todas as áreas, em todos os níveis”.
Por sua vez, a Secretária de Justiça do Estado, Mariana Lobo, fez sua
palestra recorrendo à história de vida de Mirtes de Campo, a primeira
advogada a exercer a atividade no Brasil, no início do século XX.
Mariana também ressaltou que “hoje temos mulheres ocupando vários cargos
públicos, mas essas conquistas foram fruto de muita luta, nada veio de
graça”. A Secretária defendeu ainda a necessidade de implantação de
políticas afirmativas para as mulheres. Por fim, asseverou que “o mundo
será bem melhor quando homens e mulheres caminharem juntos, em condições
de igualdade”.
Na sua explanação, a coordenadora de Políticas para as Mulheres da
Prefeitura de Fortaleza, Raquel Viana, fez uma reflexão acerca da
construção social dos estereótipos femininos, que fragilizam e rebaixam
as mulheres a um papel menos importante socialmente. A coordenadora
disse que vivemos em uma sociedade patriarcal, onde a interdição na
política, o controle sobre o corpo e a sexualidade e o uso de violência
física e psicológica contra as mulheres é “visto como natural”. Raquel
pontuou também que há “um processo de desqualificação da mulher”, que
serve a interesses de manutenção do estado das coisas.
Por seu turno, a presidente da Associação das Mulheres Advogadas do
Estado do Ceará, Fernanda Cláudia, fez um resgate histórico das questões
relacionadas às diferenças de gênero. Segundo ele, nos primórdios da
existência humana, “eram as mulheres que estavam no comando, pela força
de dar à luz”. A sociedade era, portanto, matriarcal. Quando surge a
propriedade privada, aparece também uma sociedade de classes e esta
disputa passa a exigir uma “sociedade de fortes”. E é nesse momento que o
homem toma para si o controle social. Fernanda concluiu sua explanação
sobre a condição feminina citando Clarice Lispector: “Liberdade é pouco,
o que eu desejo ainda não tem nome”.
Por fim, a sindicalista Jerusa Matos lembrou as primeiras lutas
feministas, no mundo, no Brasil e no Ceará. A coordenadora do Fuaspec
destacou mulheres de luta histórica como Rosa Luxemburgo, Olga Benário,
Chica da Silva e Maria Bonita, além das presidentas da Argentina e do
Brasil, respectivamente Cristina Kirchner e Dilma Rousseff. Jerusa ainda
comentou acerca das diferenças salariais entre os gêneros, onde as
mulheres ganham, em média, de 20 a 50% menos que os homens.
Após as explanações, houve um debate bastante rico com os participantes
da platéia, que puderam fazer intervenções e questionamentos às
palestrantes.
O ideal feminino

À
tarde, os participantes do seminário assistiram à palestra da
especialista em Neurolinguística e Coaching Magui Guimarães. Ela
criticou o fato de as mulheres terem que ser vencedoras dentro dos
padrões masculinos, quando na verdade os valores são diferentes. “O
êxito se alcança quando nos impomos como mulheres e não com valores
machistas”, apontou. Para Magui, a energia feminina que hoje emerge em
nossa sociedade vem como contraponto ao atual modelo de sociedade
insustentável.
Citando as diferenças entre o masculino e o feminino – força x
habilidade, eficiência x sentido no que faz, visão macro x visão micro,
expansão x consolidação, dentre outras – Magui destacou que homens e
mulheres, na verdade, precisam “fazer a síntese”, através do
auto-conhecimento e da complementaridade. “A mulher vivifica... o homem
se torna fértil diante da beleza”, disse a palestrante, evocando Platão.
Inteligência sensual
A consultora sensual Daniela Ternes encerrou o ciclo de palestras do
seminário, discorrendo sobre o tema “Inteligência sensual”. Como ela bem
destacou, a sensualidade não está ligada apenas a um decote mais
provocante, mas ao jeito de ser, à auto-estima e auto-conhecimento da
mulher. “Inteligência sensual diz respeito à atração e conquista. Ser
sexy é ter atitude”, declarou. Daniela sugeriu que cada mulher
estabeleça um relacionamento consigo mesma, criando o hábito de se
elogiar, cuidar de si, perdoar-se. “Somos únicas, com nossas qualidades e
defeitos. A valorização começa a partir de nós mesmas”, completou.
Show com Joana Angélica
No encerramento do seminário, todos tiveram a oportunidade de assistir
ao excelente show “Feminina”, com Joana Angélica e banda. Rebeca Câmara
no violão, Rodrigo Bz na percussão e Tiago Rocha no saxofone e flauta
transversal, além de Joana com sua voz e interpretação, levaram as
mulheres a passear pelos poemas de Elisa Lucinda e pelas músicas de
Chico Buarque.
Fonte: Sintaf