23/03/2012

Seminário: Mulheres discutem e celebram o poder de transformar realidades

Arte, beleza, luta, força e poder. Muito do que a mulher representa hoje em nossos dias foi evocado para as reflexões do seminário “Mulher: poder e transformação”, realizado na última quarta-feira (21) pelas entidades fazendárias, no Hotel Sonata de Iracema.  
 
A abertura do evento ficou a cargo do Coral da Cafaz, que encantou a todos com uma bela apresentação. Na sequência, representantes das entidades fazendárias fizeram as suas saudações iniciais: Elenilda dos Santos e Carlos Eduardo Marino, pela Fundação Sintaf; Francisco Ângelo e Ana Maria Cunha, pelo Sintaf; Clóvis Veras e Juanita Mota, pela AAFEC; Luís Pontes e Regina Pires Carvalho, pela Auditece; José Pinheiro e Marcy Bevilaqua, pela Cafaz. Todos foram unânimes em ressaltar o papel decisivo da mulher nos tempos atuais, e também destacaram a necessidade de enfrentamento às desigualdades de gênero. A deputada estadual Eliane Novais (PSB) também fez uso da palavra e enalteceu o papel que as mulheres parlamentares vêm fazendo na Assembléia Legislativa (AL). Eliane destacou igualmente a instalação na AL da Frente Parlamentar dos Direitos da Mulher. 
 
Mulher: Poder e transformação
 
O painel principal do seminário contou com as palestras da Secretária de Justiça do Estado do Ceará, Mariana Lobo; da Defensora Pública Geral do Estado do Ceará, Andréa Coelho; da Coordenadora de Políticas para as Mulheres da Prefeitura de Fortaleza, Raquel Viana; da presidente da Associação das Mulheres Advogadas do Estado do Ceará, Fernanda Cláudia; e da coordenadora do Fórum Unificado das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos Estaduais do Ceará (Fuaspec), Jerusa Matos. A mesa foi coordenada pela diretora do Sintaf, Ana Maria Cunha. 
 
A Defensora Pública Geral do Estado, Andréa Coelho, fez um levantamento de que, apesar das recentes conquistas, a participação das mulheres na esfera política ainda é reduzida. A Defensora ressaltou que as mulheres “devem ousar, buscar os espaços, lutas por eles”. Por fim, parafraseando Michele Bachellet, Diretora Executiva da ONU Mulheres, Andréa afirmou que “não há desenvolvimento para o mundo sem que a mulher esteja envolvida em todas as áreas, em todos os níveis”. 
 
Por sua vez, a Secretária de Justiça do Estado, Mariana Lobo, fez sua palestra recorrendo à história de vida de Mirtes de Campo, a primeira advogada a exercer a atividade no Brasil, no início do século XX. Mariana também ressaltou que “hoje temos mulheres ocupando vários cargos públicos, mas essas conquistas foram fruto de muita luta, nada veio de graça”. A Secretária defendeu ainda a necessidade de implantação de políticas afirmativas para as mulheres. Por fim, asseverou que “o mundo será bem melhor quando homens e mulheres caminharem juntos, em condições de igualdade”. 
 
Na sua explanação, a coordenadora de Políticas para as Mulheres da Prefeitura de Fortaleza, Raquel Viana, fez uma reflexão acerca da construção social dos estereótipos femininos, que fragilizam e rebaixam as mulheres a um papel menos importante socialmente. A coordenadora disse que vivemos em uma sociedade patriarcal, onde a interdição na política, o controle sobre o corpo e a sexualidade e o uso de violência física e psicológica contra as mulheres é “visto como natural”. Raquel pontuou também que há “um processo de desqualificação da mulher”, que serve a interesses de manutenção do estado das coisas. 
 
Por seu turno, a presidente da Associação das Mulheres Advogadas do Estado do Ceará, Fernanda Cláudia, fez um resgate histórico das questões relacionadas às diferenças de gênero. Segundo ele, nos primórdios da existência humana, “eram as mulheres que estavam no comando, pela força de dar à luz”. A sociedade era, portanto, matriarcal. Quando surge a propriedade privada, aparece também uma sociedade de classes e esta disputa passa a exigir uma “sociedade de fortes”. E é nesse momento que o homem toma para si o controle social. Fernanda concluiu sua explanação sobre a condição feminina citando Clarice Lispector: “Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome”. 
 
Por fim, a sindicalista Jerusa Matos lembrou as primeiras lutas feministas, no mundo, no Brasil e no Ceará. A coordenadora do Fuaspec destacou mulheres de luta histórica como Rosa Luxemburgo, Olga Benário, Chica da Silva e Maria Bonita, além das presidentas da Argentina e do Brasil, respectivamente Cristina Kirchner e Dilma Rousseff. Jerusa ainda comentou acerca das diferenças salariais entre os gêneros, onde as mulheres ganham, em média, de 20 a 50% menos que os homens. 
 
Após as explanações, houve um debate bastante rico com os participantes da platéia, que puderam fazer intervenções e questionamentos às palestrantes. 
 
O ideal feminino
 
À tarde, os participantes do seminário assistiram à palestra da especialista em Neurolinguística e Coaching Magui Guimarães. Ela criticou o fato de as mulheres terem que ser vencedoras dentro dos padrões masculinos, quando na verdade os valores são diferentes. “O êxito se alcança quando nos impomos como mulheres e não com valores machistas”, apontou. Para Magui, a energia feminina que hoje emerge em nossa sociedade vem como contraponto ao atual modelo de sociedade insustentável. 
 
Citando as diferenças entre o masculino e o feminino – força x habilidade, eficiência x sentido no que faz, visão macro x visão micro, expansão x consolidação, dentre outras – Magui destacou que homens e mulheres, na verdade, precisam “fazer a síntese”, através do auto-conhecimento e da complementaridade. “A mulher vivifica... o homem se torna fértil diante da beleza”, disse a palestrante, evocando Platão.
 
Inteligência sensual
 
A consultora sensual Daniela Ternes encerrou o ciclo de palestras do seminário, discorrendo sobre o tema “Inteligência sensual”. Como ela bem destacou, a sensualidade não está ligada apenas a um decote mais provocante, mas ao jeito de ser, à auto-estima e auto-conhecimento da mulher. “Inteligência sensual diz respeito à atração e conquista. Ser sexy é ter atitude”, declarou. Daniela sugeriu que cada mulher estabeleça um relacionamento consigo mesma, criando o hábito de se elogiar, cuidar de si, perdoar-se. “Somos únicas, com nossas qualidades e defeitos. A valorização começa a partir de nós mesmas”, completou.
 
Show com Joana Angélica
 
No encerramento do seminário, todos tiveram a oportunidade de assistir ao excelente show “Feminina”, com Joana Angélica e banda. Rebeca Câmara no violão, Rodrigo Bz na percussão e Tiago Rocha no saxofone e flauta transversal, além de Joana com sua voz e interpretação, levaram as mulheres a passear pelos poemas de Elisa Lucinda e pelas músicas de Chico Buarque.
 
 
Fonte: Sintaf