O serviço público em Fortaleza começa a ganhar contornos mais críticos diante das greves deflagradas em vários setores da Prefeitura. Ontem, 25 servidores comissionados da Secretaria Municipal de Finanças (Sefin) – responsáveis diretamente pela arrecadação de tributos – pediram demissão dos cargos devido a pressões feitas pela Prefeitura de Fortaleza. Segundo o presidente da Associação dos Auditores de Tributos do Município de Fortaleza (Audif), Valdo Pinheiro, um representante da Prefeitura de Fortaleza, em reunião com os 25 auditores, exigiu que eles cortassem os pontos dos servidores que aderiram à greve iniciada no último dia 11 de maio. Os servidores comissionados, entretanto, teriam dito que não iriam seguir as ordens da Prefeitura, entregando seus cargos logo em seguida. “A greve é um direito dos trabalhadores, garantido pela Constituição”, destacou o presidente da Audif.

Valdo Pinheiro afirma ainda que os trabalhos na Sefin ficarão seriamente comprometidos com a ausência dos servidores comissionados que pediram demissão. Eles eram responsáveis por setores estratégicos da secretaria, como o contencioso administrativo-tributário e a coordenadoria de informática . Valdo afirma ainda que com a greve dos servidores da Sefin, que já passa dos vinte dias – a Prefeitura deixou de arrecadar R$ 3 milhões. Com a entrega dos cargos comissionados, ele acrescenta que as perdas poderão ser ainda maiores.

O presidente da Audif explica que a estimativa de queda em torno de R$ 3 milhões leva em consideração, por exemplo, a diminuição na emissão de guias do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI). De acordo com Pinheiro, antes do início da greve eram emitidos 45 guias do imposto por dia. Agora, esse número não passa de 15. “A nossa greve tem um reflexo imediato na arrecadação”.

Ao mesmo tempo, Valdo Pinheiro afirma que a categoria quer resolver o mais breve possível a situação. “ Nós não queremos prejudicar o serviço público, queremos apenas que o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) seja implantado”, afirma. Ele também reclama da falta de pulso firme do titular da Seinf, Alexandre Cialdini, para contornar o impasse. “O Cialdine tem se mostrado fraco no sentido de abrir um canal de negociação”, diz.

A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do de Fortaleza (Sindifort), Nascélia Silva, afirma que a não disposição da Prefeitura em dialogar agrava o quadro de greve. “A Prefeitura alardeia que concedeu PCCS´s para todas as categorias. No entanto, eles não estão sendo cumpridos”, reclama.

A Secretaria de Finanças, através de sua assessoria de impresa, informou que, até o encerramento do expediente de ontem, não recebeu nenhum pedido oficial de desoneração. Por conta disso, a secretaria não pode se pronunciar sobre o assunto.


CATEGORIAS EM GREVE

Professores municipais - em greve desde o dia 23 de abril.

Servidores da Secretaria de Finanças do Município (Sefin) - em greve desde o dia 11 de maio.

Servidores do Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu) - em greve desde o dia 20 de maio

Agentes da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) - em greve desde o dia 22 de maio.

Guarda Municipal - em greve desde ontem.