O cearense já pode começar a preparar o orçamento para o reajuste médio de 6,82% na tarifa dos serviços de água e esgoto. Os documentos de aprovação do aumento, emitidos pela Agência Reguladora de Fortaleza (Arfor) e pela Agência de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce) foram entregues ontem à Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
Os novos valores da tarifa passam a valer no dia 25 de julho. O reajuste vai impactar em 1.309.550 ligações, de 149 municípios do Estado, incluindo a Capital. Das cidades abastecidas pela Cagece, só Juazeiro do Norte não terá os mesmos índices de reajuste, pois mantêm convênio próprio com a Arce. A proposta de majoração foi enviada pela Companhia às agências no dia 23 de abril.
Na edição do último dia 12, o Diário do Nordeste adiantou que a Arfor e a Arce manteriam e acatariam os índices de reajustes dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, os 6,82% propostos pela Cagece, assim como acontece desde 2003.
Usuários
De acordo com nota divulgada pela fornecedora de água tratada, os reajustes da tarifa variam, conforme o perfil do usuário beneficiado. Para os consumidores residenciais, que representam 1.130.988 ligações no Estado, a revisão tarifária será de 6,52%. O usuário residencial social, 119.567 ligações — cujos imóveis têm até 50m² de área construída, não possuem garagem, jardim ou horta e os moradores estão cadastrados no Programa Bolsa Família — terão reajuste de 5,08%. No ano passado, esse tipo de consumidor não pagou aumento nas tarifas de água e esgoto.
Os 18.341 imóveis do tipo Comercial I, estabelecimentos com menor porte e consumo, terão reajuste de 5,49%. As outras categorias de usuários atendidos pela Companhia, Comercial II (28.254 ligações), Pública (9.720) e Industrial (2.670) terão aumento de 6,4%, 6,82% e 6,97%, respectivamente, nas tarifas.
De acordo com a Cagece, os índices foram calculados de forma a repor as perdas com o aumento no preço dos insumos em 12 meses (janeiro a dezembro de 2008). Durante esse período, explica a Companhia, os principais insumos tiveram reajuste: energia elétrica (7,5%), serviços de manutenção (26,84%), água bruta (24,88%) e material de tratamento (18,32%).
´Coerente´
As agências reguladoras alegam que o percentual pedido pela Cagece para o reajuste das tarifas é coerente. “Esse índice leva em conta o custo do serviço efetivamente realizado. Segundo nosso parecer, a proposta apresentada ficou aquém do preço de custo e o posicionamento da Companhia foi conservador”, informou Mário Augusto Parente, coordenador econômico-tarifário da Arce.
Ele esclarece que, atualmente, além da agência, a Secretaria das Cidades também participa do processo de aprovação do aumento. “É ela quem analisa o parecer”, disse.
A assessoria de imprensa da Secretaria informou que a revisão tarifária foi autorizada por estar “de acordo com o a realidade do mercado”.
Já a população acha que o momento de aumentar a conta de água e esgoto é inadequado. “Não tem quem agüente. Sobe tudo e a gente não recebe serviço melhor por isso. Todos os anos as contas só aumentam e a população vê o salário encolher. Acho que os aumentos deviam acontecer somente a cada três ou quatro anos”, reclama o autônomo José Isaías Maia, que mora com esposa e filhos, e gasta cerca de R$ 95 mensais com o consumo de água.
Para a comerciante Lourdes Assunção, o preço da tarifa cobrada pela Cagece já é alto. “Já estou fazendo mágica pra não cortar minha água e agora vou ter que pagar mais”.
GUTO CASTRO NETO
Repórter
ENQUETE
É o momento certo de reajustar a tarifa?
Lídia Lima
42 ANOS
Educadora
Acho que já tá muito caro e não deveria aumentar. Moro com minha mãe e minha irmã e a gente consome pouca água e leva um susto, todo mês, quando chega a conta
Ana Paula Lima
22 ANOS
Doméstica
Não é o momento certo de subir o preço. É injusto. Eu fico impressionada porque minha conta passa de R$ 100 e eu economizo. Quase não uso máquina de lavar roupa