26/05/2009

Torneira do crédito é reaberta

Fonte: Diário do Nordeste
 
São Paulo Primeiro, foi o Itaú Unibanco. Em seguida, o Santander Real. Ontem, além do Bradesco, foi a vez do Banco do Brasil (BB). Depois de restringirem fortemente os empréstimos a partir de setembro, quando a crise global se aprofundou, os bancos brasileiros começam a reabrir as torneiras do crédito. O mais agressivo, até agora, foi o BB, que, seguindo orientações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informou que elevará em R$ 13 bilhões os recursos disponíveis para financiamentos destinado às pessoas físicas. Há dez dias, o Itaú Unibanco anunciou a volta dos planos de financiamento de veículos de 72 meses (6 anos), que, depois de setembro, tinham sumido do mapa. Sexta-feira passada, a Aymoré Financiamentos (do Grupo Santander Real) seguiu o mesmo caminho.

Segundo analistas, a movimentação dos bancos é explicada por duas razões, uma conjuntural e outra estrutural. A primeira diz respeito à melhora do ambiente internacional, refletida nas expressivas altas das bolsas de valores globais nas últimas semanas. No caso do BB, os recursos adicionais serão destinados às linhas voltadas ao consumo, como compra de veículos, eletrodomésticos e crédito consignado.

A decisão foi tomada após a revisão de critérios de análise de risco para a aprovação dos financiamentos. Segundo o banco, os novos parâmetros são semelhantes aos usados pelos concorrentes e não aumentam o risco de calote.

Também foi anunciada a meta de atingir a marca de R$ 100 bilhões em crédito para pessoas físicas em 2012. Em março passado deste ano, eram R$ 61 bilhões. Assim, deste ontem, extratos bancários de 10 milhões de clientes do Banco do Brasil -um terço do total - já mostram os novos limites concedidos pela instituição. Foram beneficiadas as pessoas que operam algum empréstimo no banco, têm bom histórico e utilizam boa parte do limite de crédito atualmente oferecido - ou seja, estão perto do limite.

Na média, cada cliente teve aumento de 5,25% no valor (o equivalente a R$ 1.300) para tomar emprestado no crédito consignado, para aposentados, compra de veículos, material de construção, eletrodomésticos e empréstimo automático.

A medida não atinge operações como cheque especial e cartão de crédito. O BB anunciou ainda queda dos juros. No crediário, por exemplo, a taxa mínima caiu de 2,57% ao mês para 2,29%. No consignado, a menor taxa recuou de 1,69% para 1,62%.

Política ou não, a decisão do BB eleva a oferta de crédito e, assim, dá força para o consumo. Esse roteiro está em linha com a estratégia do Palácio do Planalto, que cobra ação mais forte dos bancos públicos nos empréstimos para amenizar os efeitos da crise . Mesmo com mais crédito para quem já está endividado, o BB rejeita a avaliação de que a medida possa aumentar a inadimplência.