Fonte: Diário do Nordeste
O Tamiflu será distribuído de forma gratuita pelos hospitais, com retenção da receita médica
O
Ceará monta estratégias para enfrentar a chamada segunda onda da
Influenza A ou gripe suína. Entre as principais medidas, a vacinação de
três milhões de pessoas, prioritariamente, os grupos de risco. O total
representa 35,5% da população do Estado - de 8,45 milhões, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fortaleza ficará com um milhão de vacinas, o que significa a imunização
de 40% dos habitantes da Capital.
De acordo com o presidente do
Comitê Estadual de Enfrentamento da doença, Manoel Fonseca, a vacinação
ocorrerá nas unidades básicas de saúde. Em Fortaleza, são 92 postos.
"As pessoas dos grupos indicados - gestantes, profissionais de saúde,
doentes crônicos, indígenas, pessoas entre 20 e 29 anos e crianças de
seis meses a dois anos - devem comparecer às unidades de saúde com a
carteirinha de vacinação e o documento de identidade. A vacina é
contraindicada a quem tem alergia a ovo", alerta Fonseca.
Na
avaliação do infectologista do Hospital São José Ronald Pedrosa, o
percentual de cearenses que será imunizado é bastante considerável.
"Nessa primeira etapa, o total destinado ao Estado é coerente para
proteger essa fatia da população".
Além da vacinação, realizada
entre 8 de março e 7 de maio, outra tática usada contra o vírus
transmissor da doença, o H1N1, será a distribuição gratuita do
Oseltamivir ou Tamiflu. Segundo Fonseca, o medicamento poderá ser
obtido na rede pública de saúde apenas com retenção de receita, e a
prescrição médica terá validade de cinco dias. O objetivo, diz ele, é
evitar automedicação, venda indiscriminada e corrida às farmácias.
O
Ceará possui mil kits (cartelas com dez comprimidos) que serão
encaminhados aos hospitais São José, Albert Sabin, César Cals, Geral
(HGF), Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac), Hospital de
Messejana, Gonzaguinhas, Frotinhas e demais unidades da rede pública
conveniadas ao Sistema Único de Saúde. A rede Farmácia Popular também
contará com o medicamento. As 21 microrregionais de saúde receberão
doses.
Mais doses
Fonseca adiantou que o
Ceará não requisitará, a exemplo do Rio Grande do Sul, mais doses da
vacina contra a gripe suína. Na sua avaliação, neste primeiros momento,
a quantidade destinada ao Estado suprirá a necessidade. De acordo com o
boletim epidemiológico, divulgado no último dia 22, a faixa etária dos
20 aos 29 anos é a mais afetada pela doença, representando 34,9% dos
113 casos confirmados da gripe no Ceará. Em segundo lugar, a faixa
entre 10 e 19 anos, com 23,6% do total. "Se for necessário, a Sesa
requisitará mais doses da vacina".
Neste ano, segundo a Sesa,
são dois casos confirmados da doença no Estado, e há mais 34 sendo
investigados e aguardando resultado de exame do Laboratório Evando
Chagas. Fonseca informa que dos 34 sob investigação, cinco pacientes
foram atingidos pela forma mais grave do H1N1. "Eles estão sob cuidados
e já fora de perigo".
Oficina
Hoje e
amanhã, profissionais de saúde que atuam em hospitais, vigilância
epidemiológica dos dez municípios com mais de 100 mil habitantes e das
Coordenadorias Regionais de Saúde participam da Oficina Estadual de
Preparação para o Enfrentamento da Influenza A.
PREVISÃO
Exames no Lacen começam em até 60 dias
O
Ceará está entre os estados que serão beneficiados com a
descentralização da realização de diagnósticos da Influenza A. O
Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) está na lista dos
sete novos laboratórios autorizados pelo Ministério da Saúde a realizar
os exames que atestam a presença do vírus H1N1 nas pessoas infectadas.
A
expectativa é de que os exames comecem a ser feitos dentro de 45 a 60
dias. A estimativa é do diretor geral do Lacen, Ricardo Carvalho de
Azevedo e Sá, que informa que o processo licitatório para a compra de
insumos já está em andamento.
O custo estimado, inicialmente, é
de R$ 800 mil, mas o valor pode mudar. "Os preços normalmente caem por
conta da concorrência entre as empresas que estão participando da
licitação", antecipa, acrescentando que a data de início da realização
dos testes depende do andamento da licitação.
Mas quando os
testes começarem a ser feitos aqui, não é qualquer gripe que vai exigir
a análise de laboratório. Apenas os casos com síndrome respiratória
aguda terão material colhido e enviado para o Lacen, assim como é feito
hoje. Além disso, por enquanto, as amostras daqui continuam sendo
enviadas para o Laboratório Evandro Chagas, em Belém do Pará.
Treinamento
Conforme
Ricardo Sá, em dezembro, profissionais do Lacen foram treinados para
trabalhar com os novos kits e equipamentos. O Estado até já adquiriu o
PCR em Tempo Real, aparelho que faz análises por reação de polimerase
em cadeia.
O diretor informa que o Ministério da Saúde está
fazendo registro de preços, tipo de modalidade para compra de
equipamentos ou insumos que permite, ao comprador, outra opção de
compra.
LÊDA GONÇALVES
REPÓRTER