Nove das dez maiores variações não são em medicamentos de referência, segundo o levantamento
"Vale a pena gastar a sola do sapato antes de comprar". Quem nunca ouviu essa velha afirmação e se deu bem ao aplicá-la na prática, ou, em contrapartida, arrependeu-se de não ter seguido à risca a frase, fruto da experiência e sabedoria popular? Pois bem, no segmento farmacêutico, essa "lei" do comércio está mais em vigor do que nunca. Uma pesquisa realizada pela Secretaria Municipal de Defesa do Consumidor (Procon Fortaleza) revelou que o preço do medicamento pode variar até 474,66%, na Capital.
O levantamento foi coletado entre os dias 11 e 20 de janeiro. Logo após um estudo publicado com exclusividade pelo Diário do Nordeste, no último dia 10 de janeiro, que tinha checado uma diferença de até 122% no valor dos remédios em nove drogarias de Fortaleza. O Procon pesquisou 31 itens em sete farmácias, o que ampliou a certeza do consumidor de que é possível economizar um bom dinheiro, basta ter um pouco de paciência para pesquisar.
O Losartana 30 mg, por exemplo, usado por pessoas com hipertensão arterial, foi o que apresentou a maior variação, encontrado por R$ 38,10 na Tele Juca e R$ 6,63 na farmácia do Carrefour. Já a menor diferença registrada pelo Procon foi de 12,45%, do sabonete antisséptico Asseptol (1l), que custava R$ 14,90, na Aldesul, e R$ 13,25, na Extra Farma.
Genéricos
Entre as dez mais altas variações de valor, constatou-se que 90% são de medicamentos genéricos. A ressalva foi apenas o Salvelox (dez unidades), classificado como curativo, que apresentou índice 323,88%.
De acordo com o diretor Tesoureiro do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado do Ceará (Sincofarma), Maurício Filizola, a diferença dos valores dos genéricos é mais alta por conta da numerosa quantidade de fabricantes dos medicamentos. "Cada indústria tem sua própria margem de comercialização e preços distintos", comentou.
Além disso, segundo Filizola, há outros fatores que, se não forem observados, podem modificar o resultado final do estudo em relação à realidade nos balcões das drogarias. "Ainda não vi a pesquisa. Mas é preciso saber se ela foi baseada em uma série de parâmetros como, por exemplo, qual foi o produto avaliado? Se é o da caixa de 30 ou da de 60 comprimidos? Se está na promoção? Qual a dosagem? O levantamento foi por telefone ou presencial? Todos os laboratórios foram realmente pesquisados? Não estou dizendo que a pesquisa está equivocada mas tudo isso pode alterar o comparativo correto", avaliou.
Mesmo assim, o representante do Sincofarma consentiu com a máxima de que é preciso andar bastante antes de adquirir algum produto. "O cliente sem apego à marca deve ir mesmo pelo que é mais conveniente para o seu bolso. É o mais econômico", disse Filizola.
A pesquisa foi feita nas farmácias Dose Certa, Tele Juca, Extra Farma, Aldesul, Avenida, Pague Menos e Carrefour Drogarias. Foram pesquisados os preços de medicamentos de referência e também de genéricos para diabetes, pressão alta, antialérgicos, anticoncepcional, analgésicos, xaropes, anti-inflamatórios, antibióticos, preservativos, termômetros, pomadas contra micoses, artigos de higiene e vitaminas, entre outros produtos farmacêuticos. O levantamento completo do Procon Fortaleza pode ser encontrado no site
http://www.fortaleza.ce.gov.br/procon/.
Dia de chuva
Segundo o Sincofarma, apesar de muitas pessoas adoecerem nesta época de mudança climática no Estado, no dia em que chove há uma queda de aproximadamente 20% no faturamento em relação a um dia normal sem precipitações. "Mesmo quando faz Sol no outro dia, essa perda não é reposta. Além disso, cerca de 50% das vendas das farmácias, atualmente, são realizadas por tele-entrega. Setor que também fica prejudicado por conta do trânsito em época de chuvas", revelou o Maurício Filizola.
Genéricos
"Cada indústria tem sua própria margem de comercialização e preços distintos"
Maurício Filizola
Diretor Tesoureiro do Sincofarma
ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER