27/07/2011
Você descobre o segredo?
Gentil Teixeira Rolim
Diretor de Cultura da AAFEC e membro da Academia Municipalista de letras de Fortaleza.
Escrevi um texto que você pode lê-lo e se for um leitor experiente, logo descobre como o nosso português é rico. O texto foi escrito sem um dos nossos símbolos fonéticos que é tido como imprescindível entre os escritores.
Se descobrir sem muito esforço, felicito-lhe.
Dizem os estudiosos que deve ser impossível escrever um texto sem ele, eu estou querendo e vou conseguir se Deus quiser. Vou conseguir porque o querer é poder e sem nenhum tropeço eu escreverei, pois penso um pouco e demonstro que vou exibir o que eu quiser sem o uso dele. Um escritor bem tentou, tentou e nem conseguiu, escreveu só um pouquinho, logo depois desistiu, homem muito estudioso, simples e inteligente, porém nem se quer concluiu o texto com o objetivo por ele mesmo escolhido. Eu sei que é difícil, porém vou conseguir porque o português é muito rico e existem muitos sinônimos que posso substituir uns pelos outros, tudo dentro do permitido e sem fugir do conteúdo exibido, mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como impossível.
Podemos escrever tudo, tudo mesmo, com sentido completo. Depois de pronto, se descoberto pode ter o mesmo entendimento de um mero ovo de Colombo. Desde que se tente sem se pôr inibido, pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e precioso português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres dos motes, versos e instrumento que nos legou monumentos dignos de eterno e honroso reconhecimento. Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é certo que, em se querendo, esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. É possível divertir-se com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E", sem o "I", sem o "O" e, conforme o meu desejo eu escolhi outro discorrendo livremente, por exemplo, sem o que eu quiser escolher. Podemos, em estilo próprio, repetir sempre um som ou mesmo descrever sentimentos ou desejos sem verbos. Tentei e consegui, pois eu mesmo pensei ser impossível escrever um texto completo como este sem o uso dele. Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou mesmo um livro inteirinho sobre o que o leitor melhor preferir. Porém, mesmo sem o uso pernóstico dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo, discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituí-lo pelo inglês. Por quê? Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso, porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes e de condores. Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo de heróis e de nobres descobridores de mundos novos. Descobriu?
RESPOSTA: O texto não possui a letra A.